terça-feira, 26 de maio de 2009

Destaques de Cannes 2009


Segundo o diretor do Instituto Lumière de Lyon, Thierry Frémaux, o tradicional Festival de Cannes, realizado na cidade francesa de mesmo nome, busca atentar-se para o futuro no ano de 2009. Não só o futuro do cinema - que tem por característica mais marcante a constante mudança em função das transformações do mundo que reflete, cada vez mais indiscernível - mas também para o do próprio evento, que este ano está em sua 62° edição. O Festival lembra que seu prestígio vem da qualidade dos filmes, da criatividade dos cineastas, do espírito lutador dos profissionais e do entusiasmo da imprensa – e que isso será projetado em seu futuro. Cannes está sempre aberto às novidades do cinema, e isto fica claro através da crítica do Festival, que mostrou ser uma das mais atentas a novos movimentos da sétima arte.

Este ano, o Festival, que ocorreu entre os dias 13 e 24 de maio, contou com dois curtas brasileiros de Vera Egito (“Elo” e “Espalhadas pelo Ar”) e um longa verde e amarelo de Heitor Dhalia (“À Deriva”, concorrendo na mostra paralela “Un Certain Regard”). A abertura da festa francesa do cinema ficou por conta da animação “Up – Altas Aventuras”, que foi exibido em 3D no Palais des Festivals e seguido por um jantar de gala.

Entre os que disputaram o prêmio Palma de Ouro, a competição principal, estavam diretores consagrados como Lars Von Trier (“Antichrist”), Ang Lee (“Taking Woodstock”) Quentin Tarantino (“Inglorious Basterds”), Ken Loach (“Looking for Eric”), Pedro Almodóvar (“Los Abrazos Rotos”) e Jacques Audiard (“Un Prophète”). Ainda assim, quem venceu a disputa foi o austríaco Michael Haneke com “Das Weisse Band” ou “The White Ribbon”. A característica comum entre eles foi a grande duração dos filmes: a grande maioria possuía mais de 2 horas de duração. Segue abaixo a lista com os premiados desse Domingo, dia 24, último dia do festival.

Palma de Ouro (Primeiro Lugar): "The White Ribbon", de Michael Haneke
Grand Prix (Segundo Lugar): "Un Prophète", de Jacques Audiard
Prêmio do Júri (Terceiro Lugar): "Fish tank", de Andrea Arnold e ''Thirst'', de Park Chan-wook
Prêmio Especial pelo Conjunto da Obra: Alain Resnais
Melhor diretor: Brillante Mendoza por "Kinatay"
Melhor ator: Christoph Waltz, ''Inglorious Basterds"'
Melhor atriz: Charlotte Gainsbourg, por ''Antichrist''
Melhor roteiro: Feng Mei por ''Spring fever''
Câmera de Ouro (diretor estreante): ''Samson and Delilah'' de Warwick Thornton
Melhor curta-metragem: ''Arena'', de João Salaviza


Destaques


Up




Se “Up”, da Pixar, abriu o festival de Cannes é porque há algo de especial nesse que foi o primeiro filme de animação a abrir o festival de 62 anos. Como se não bastasse, também foi o primeiro filme em 3D a ter essa honra. O filme trata da história do ranzinza Carl Fredricksen, de 78 anos, que realiza seu sonho de ir visitar as florestas sulamericanas através de seu plano ambicioso: fazer sua casa voar por meio de balões de hélio. O que Carl não imaginava é que um rechonchudo garoto de 8 anos acabou embarcando na empreitada também. A viagem, entretanto, não ocorre isenta de perigos. A dupla adversa vai se encontrar vivendo grandes aventuras que prometem entreter os grandes amantes de animações à la Toy Story. O filme é dirigido por Pete Docter, de “Monstros S.A.”, e escrito por Bob Peterson, de “Procurando Nemo”. Mesmo sem concorrer a nenhum prêmio em Cannes, a superprodução da Disney Pixar foi um dos grandes destaques do festival.



The Imaginarium of Doctor Parnassus

O maior mérito do filme de Terry Gilliam foi conseguir terminá-lo mesmo com a surpreendente morte de Heath Ledger durante as gravações do filme. A solução de Gilliam foi usar os atores Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrel para tornar Tony, o personagem de Ledger, em um homem que muda de aparência conforme viaja em mundos imaginários. Os grandes atores que socorreram o diretor doaram todo o dinheiro que receberam pelo filme a Matilda, a filha de Heath Ledger. A história em si é bastante intrigante. Dr. Parnassus, vivido por Christopher Plummer (cuja voz estará em Up), é um homem que negocia a sua imortalidade com o diabo, Mr. Nick, mas ao encontrar o amor de sua vida decide trocar a sua imortalidade pela juventude eterna. O preço seria a sua filha quando completasse 16 anos. Arrependido de seu erro, tenta, a qualquer custo, desfazê-lo enquanto a menina se aproxima da idade em que se tornará propriedade do dito cujo. O filme, que não concorreu a nenhum prêmio no festival, tem inspirado muita simpatia em toda a crítica.


Das Weisse Band

O longa-metragem de Michael Haneke, austríaco que levou seu filme “Cachê” ao festival em 2005 saindo vitorioso na categoria de melhor diretor, nessa edição de Cannes levou o prêmio mais cobiçado: o Palma de Ouro. “The White Ribbon” é um filme rodado em preto e branco sobre uma série de acontecimentos misteriosos em uma pequena cidade alemã pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial. A escolha de um filme reconhecidamente pacato ao foi surpreendente, ainda que Haneke já tivesse sido favorito ao Palma de Ouro em 2005. O diretor recebeu o prêmio alegando que se sentia realmente feliz e agradeceu, principalmente, à sua esposa. A forma como recebeu o prêmio o distanciou um pouco da imagem de ranzinza que ele tradicionalmente passa. Uma das figuras que mais elogiou o filme foi a atriz francesa Isabelle Huppert, que presidiu o júri do Cannes 2009. Huppert já havia sido dirigida por Haneke anteriormente.

Antichrist


O dinamarquês Lars Von Trier, realizador de filmes como “Dogville” (2003) e “Dançando no Escuro” (2000), dividiu opiniões no festival com seu “Antichrist”. Prova disso foi a mistura de vaias e aplausos ao fim da exibição do filme. Parece que quem gostou, amou, como Damon Wise, da revista inglesa especializada em cinema Empire (“Algo completamente bizarro, massivamente não-comercial e estranhamento perfeito”); e quem não gostou, achou terrível, como Todd McCarthy da revista americana Variety (“Lars Von Trier faz um grande gordo filme-arte ter flatulência com “Antichrist”)”. Como é característico do cineasta, o filme envolve a platéia num turbilhão emocional com imagens perturbadoras para contar a história de uma mãe que tenta se recuperar da morte de seu filho, mas acaba vivendo dias assustadores em uma casa onde fica com seu marido, que é interpretado por Willem Dafoe. Essa mãe foi tão bem vivida por Charlotte Gainsbourg que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz, que ela, emocionada, fez questão de dividir com Von Trier. O polêmico “Anticristo” terá exibições no Brasil em Setembro.

Inglorious Basterds


O estilo tragicômico sangrento do diretor estadunidense Quentin Tarantino, de “Kill Bill” (2003), está de volta com “Inglorious Basterds”, cujo enredo se passa na Segunda Guerra Mundial, em uma situação ficcional na qual um grupo composto por diversas nacionalidades resiste ao nazismo na França ocupada. A excentricidade característica do cineasta é mostrada dessa vez através das atuações exageradas e fantasiosas com sotaques toscos, como o do italiano de Brad Pitt (inclusive, no próprio título do filme, há a sutileza de escrever “bastards” com “e”). Talvez esse seja o motivo para que o crítico de cinema Peter Bradshaw do jornal inglês The Guardian diga que o filme não anim
a, não é engraçado e não é realista. Tarantino muda a história mundial com seu filme que foi muito aclamado no festival e deu ao austríaco Christoph Waltz o prêmio de melhor ator. Segundo o americano, Cannes foi o momento certo para exibi-lo uma vez que o festival conta com diretores, atores e jornalistas internacionais. “Não sou um cineasta americano. Faço filmes para o planeta Terra, e Cannes é o lugar que representa isso”, disse Tarantino que passou pelo tapete vermelho de Cannes dançando. Com o nome de “Bastardos Inglórios”, o filme, cujo elenco inclui Brad Pitt, Diane Kruger e Mike Myers, já tem data de estréia no Brasil – 23 de outubro.



Los Abrazos Rotos



O espanhol Pedro Almodóvar, conhecido por “Má Educação” (2004) e “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999) traz seu “melodramismo” bem-humorado à Riviera Francesa com “Los Abrazos Rotos”. O filme se desenvolve entorno de um diretor cego que perdeu, em um acidente, não só a visão como o amor de sua vida. Almodóvar disse que esse foi seu filme mais caro: 11 milhões de euros.

O personagem principal do filme, que é um diretor de cinema, ao ficar cego decide parar de usar seu verdadeiro nome, Mateo Blanco, para criar uma nova identidade sob o pseudônimo Harry Caene, que se dedica à escrita, ao invés da direção. Ao “renascer” Harry (ou Mateo) se envolve com Lena, interpretada por Penélope Cruz, atriz frequentemente encontrada nos filmes de seu compatriota. O nova produção do mais famoso diretor espanhol conta inclusive com a gravação de um filme dentro do filme. Vale conferir.

Un Prophète

Um dos favoritos ao Palma de Ouro era o filme francês “Un prophète”, de Jacques Audiard, que acabou levando o prêmio secundário Grand Prix. No filme, quando o jovem árabe Malik El Djebenaé é preso por uma mera briga, depara-se com uma prisão dividida em facções. Lá precisará cometer crimes para adquirir proteção e sobreviver. Ele chega como um analfabeto de 19 anos, cheio de receios e fragilidades, mas ao longo do filme, com a brutalidade da vida carcerária, se torna um criminoso poderoso e seguro de si. No início o rapaz árabe comete crimes em função das ordens do líder da gangue corsa da prisão, mas logo desenvolve seu próprio plano de ação.


“Em meu filme, eu queria fazer um cara legal, como eu ou você, que também mata. Assim você pode se identificar mais facilmente com ele. Fica longe daquela moralização preta e branca”, disse o diretor em uma entrevista ao jornal americano The Huffington Post. Ao Los Angeles Times, que o considera o melhor diretor-roteirista francês sobre quem a maioria dos americanos nunca nem ouviu falar, Audiard diz que sabia que Tahar Rahim era o ator ideal para fazer o jovem criminoso desde que o viu pela primeira vez. Parece que acertou, pois praticamente todas as críticas do filme ressaltam a qualidade de Rahim, que também era forte candidato ao Palma de Ouro de melhor ator.

Se o filme, que vai além de um drama criminal e chega a se transformar em um thriller gangsteriano, fosse o vencedor, teria sido o segundo ano consecutivo que um nativo francês ganha em Cannes – ano passado o compatriota Laurent Cantet levou a Palma de Ouro por “Entre os Muros da Escola” (2008).



À Deriva

O único longa representante verde e amarelo no festival europeu de maior prestígio do cinema foi este aparentemente belíssimo filme de Heitor Dhalia, diretor pernambucano de “Cheiro do Ralo”. “À Deriva”, cujo roteiro começou a ser escrito em 2005 pela co-roteirista Vera Egito, se passa nos anos 80 e conta o rito de passagem da adolescente Filipa, de 14 anos, para a vida adulta ao descobrir que a vida perfeita que imaginava levar não era real. Ao passar as férias em Búzios com a família e uns amigos, a menina descobre que seu pai está tendo um caso com uma mulher mais nova e que a mãe está beirando o alcoolismo. No elenco, há veteranos como o ator francês (que prefere ser considerado um ator franco-brasileiro) Vincent Cassel, de filmes como “Doze Homens e Outro Segredo” (2004), e Débora Bloch, juntamente com a novata Laura Neiva, que trata seu primeiro papel no cinema, o da protagonista do filme, com tanta concentração e emoção que acaba tendo uma excelente atuação. A menina foi escolhida através do Orkut e, uma vez que negou a participação no projeto por não acreditar que fosse real, pelo MSN, quando a assistente de casting entrou em contato com ela que, finalmente, concordou.


O filme competiu na mostra “Un Certain Regard”, e apesar de ter sido ovacionado por minutos e ter arrancado diversas lágrimas da platéia, o vencedor foi o filme “Kynodontas” (“Dogtooth”) do grego Yorgos Lanthimos, cuja história é centrada numa família que decide viver enclausurada numa grande casa, inclusive educando os filmes sem sair dela. Assim evitam ter contato com o mundo exterior. Heitor Dhalia, porém, mostra-se satisfeito apenas pelo fato de ter chegado ao festival, ter emocionado a platéia e ter conseguido que o filme fosse vendido para todo o mundo – logo após a estréia no Brasil, “À Deriva” chegará à França.


“(O filme) Tem fortes elementos pessoais, eu vivi numa praia há 20 anos, meus pais se separaram quando eu saía da infância. Tenho toda essa memória, lembrança de uma praia, de um verão, e acho que é uma coisa comum a todo mundo. Todo mundo já teve um verão, já teve uma crise familiar e todo mundo já se despediu da infância algum dia”, diz o diretor pernambucano sobre este que é seu terceiro filme, em entrevista ao portal Uol. O filme estreia dia 31 de Julho nos cinemas brasileiros e o trailer está aí para dar água na boca.



quarta-feira, 20 de maio de 2009

Quem será o Sinatra de Scorsese?


Na quarta-feira, dia 13 de Maio, a Universal Pictures anunciou em primeira mão que a biografia cinematográfica de Frank Sinatra ficará sob os cuidados de ninguém menos que Martin Scorsese. A notícia pode soar como um consolo já que surgiu um dia antes da morte do ator e cantor mais famoso dos Estados Unidos completar 11 anos. O filme estava sendo planejado havia bastante tempo, mas não se tornou realidade antes devido aos direitos a serem adquiridos junto à Warner Music e a Frank Sinatra Enterprises. A filha de Frank, Tina Sinatra, será a produtora do filme.


A escolha de Martin Scorsese provavelmente tem relação com sua vasta experiência em filmes envolvendo músicos. Porém, ao contrário do que se pode pensar, “Sinatra” (título provisório), não será um documentário como foi “Shine a Light” sobre os Rolling Stones ou “No Direction Home: Bob Dylan”, ambos de Scorsese. O projeto parece que tratará do envolvimento do cantor com segmentos da máfia e tem causado, inclusive, certo debate acerca de quem poderia vivê-lo no cinema. Um dos nomes que mais são mencionados é o de Leonardo DiCaprio, com quem Martin Scorsese trabalhou em seus três últimos filmes a serem indicados ao Oscar, incluindo o vencedor de 2007 nas categorias melhor filme e direção: “Os Infiltrados”. Segundo a Entertainment Weekly, mesmo DiCaprio sendo o suposto “preferido” do diretor, o nome no topo da lista da Universal Pictures é Johnny Depp, ator que Scorsese surpreendentemente nunca dirigiu. A preferência, no entanto, não é confirmada nem negada pela Universal Pictures ou por Depp. Há também menção de que Jamie Foxx, que já foi Ray Charles, seria uma opção por suas habilidades musicais inegáveis.

Cinebiografias recentes sobre personalidades da música que tiveram sucesso

Ray

“Ray” foi uma belíssima produção cinematográfica lançada em 2004 sob a direção e roteiro de Taylor Hackford, que já havia se consagrado com “Advogado do Diabo” (The Devil’s Advocate) em 1998. Se premiações é sinônimo de sucesso, “Ray” é uma das cinebiografias de maior sucesso na história do cinema. Só Jamie Foxx venceu quase todos os prêmios de melhor ator a que foi indicado, incluindo o Oscar, o BAFTA e o Golden Globe. Aquele ano, sem dúvida alguma, foi o de maior êxito de sua carreira até o momento. Foxx conseguiu levar ao cinema os trejeitos únicos de Ray Charles, que ainda teve a oportunidade de acompanhar grande parte da produção do filme, mas faleceu antes da conclusão do projeto. A direção também foi muito boa nos trazendo cenas impressionantes, como a da morte do irmão do músico quando ele ainda era uma criança.


Johnny & June (Walk the Line)

Se Jamie Foxx levou tudo em 2004/2005, Reese Witherspoon não deixou por menos em 2005/2006. Como a cantora June Carter, Reese também conseguiu vencer o Oscar, o BAFTA e o Golden Globe. A atriz viveu a cantora durante a parte mais conturbada de seu relacionamento com o cantor Johnny Cash, papel de Joaquin Phoenix. Phoenix também foi brilhante em sua atuação e conseguiu passar toda a complexidade e problemática acerca da vida do cantor. O filme inicialmente foca mais na experiência pessoal de Johnny com a música e com sua primeira esposa, mas ao final acaba deixando a impressão de que se trata de um tributo ao casal, muito mais do que a Johnny apenas, e assim é reconhecido pelo público.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Whatever Works for Woody Allen


Woody Allen é o cineasta ideal para dar início a esse blog pois é polêmico, inteligente e inovador. Características que naturalmente indicam o sucesso. E depois do fantástico “Vicky Cristina Barcelona”, o filme que injustamente não foi sequer indicado ao Oscar, a expectativa por seu novo filme “Whatever Works” é enorme.


Primeiro filme de Woody Allen em Manhattan desde “Melinda e Melinda”, “Whatever Works” é uma comédia focada na excentricidade típica dos filmes que o diretor protagoniza. No entanto, o papel de um físico que quase venceu o Nobel e que se relaciona com uma menina de 21 anos exigia um humor diferente: menos tímido e introspectivo. É esse o pretexto que Allen dá, em sua entrevista ao jornal O Globo, para que o ator norte-americano Larry David assuma o papel e não ele, como é de praxe em seus filmes de comédia nesses moldes. No Tribecca Film Festival, aberto por “Whatever Works”, Allen afirma que escreveu o filme muitos anos antes e o deixou na gaveta, mas pensando no baixo custo decidiu fazê-lo e logo pensou em Larry David. Se por um lado o comediante da série “Curb your Enthusiasm” tentou, em vão, convencê-lo a procurar outro ator, Allen diz não se arrepender de tê-lo chamado, pois Larry foi 10 vezes melhor do que esperava ser. E realmente, de acordo com a crítica internacional e o trailer, Larry acabou sendo a grande atração do filme com seu jeito naturalmente engraçado (note, no trailer, a cena em que se joga da janela). As críticas internacionais sobre o filme acabam inevitavelmente falando muito mais de Larry do que do próprio Woody Allen. Para o NY Observer, por exemplo, Larry David é o grande trunfo do filme.


É constante a comparação entre o cineasta e o protagonista do filme. Larry, por exemplo, afirma que por mais que ambos sejam pessimistas, esse pessimismo é diferente. Enquanto Allen apresenta um pessimismo mais geral e abrangente sobre a vida, Mr. David o faz com coisas menores como a não eleição e êxito de Obama e a improbabilidade da vitória dos Yankees.


A musa da vez é Evan Rachel Wood, de “Across the Universe” e “Aos Treze” (Thirteen), que faz a menina Melodie por quem Boris Yellnikoff, personagem de Larry David, se apaixona. Ela diz que o diretor lhe deu um script fantástico e pediu que ela se divertisse. Na trama Boris e Melodie vão morar juntos, mas os pais da moça aparecem no lar do casal criando uma série de situações hilárias. A mãe histérica é vivida por Patricia Clarkson que também trabalhou em “Vicky Cristina Barcelona”. Fala-se que o final é docemente feliz.


O filme, cujo orçamento foi cerca de 15 milhões de dólares (semelhante ao de “Vicky Cristina Barcelona”), filmou Nova Iorque sem seus cartões postais, mostrando a decadência da cidade em tempos de crise. Assim, as ruas de Chinatown, por exemplo, foram uma escolha mais pertinente.


Nos Estados Unidos o filme estreia dia 19 de Junho, mas no Brasil, infelizmente (com ênfase no infelizmente), só veremos Larry David lavando as mãos cantando “Happy Birthday To Youem Novembro. Até mesmo porque, “Whatever Works” ainda não tem nem nome no Brasil. A boa notícia, no entanto, é que em 2011 Woody Allen poderá vir ao Brasil fazer um filme. Se for verdade, certamente estaremos lá! Aliás, não deixem de ver o trailer que é simplesmente sensacional.