domingo, 7 de março de 2010

O Academy Awards segundo Juliana

Hoje mais de 30 milhões de pessoas, em cerca de 200 países, estarão coladas em seus computadores ou televisores, acompanhando o 82° Academy Awards, direto do Kodak Theatre. Neste exato momento o tapete vermelho já dá boas-vindas às celebridades e suas glamurosíssimas roupas, e vários sites e canais especializados já começaram a sua programação especial pré-Oscar. Finalmente chegou a hora, é a última chance de apostar nos sortudos que levarão os prêmios mais importantes do ramo.

Depois de duas semanas de intensas idas ao cinema – o que pode gerar certa desorientação do tipo “que-filme-eu-vim-ver-agora?” – potencializei o número de indicados que pude riscar da lista de “filmes assistidos”. E é por isso que já marco, na cartela do meu bolão, o nome de Jeff Bridges para melhor ator, Sandra Bullock como melhor atriz, Christoph Waltz para ator coadjuvante, e Mo’Nique como atriz coadjuvante.

Pelo que pude ver, George Clooney cumpre seu dever de forma correta em “Amor sem Escalas”, Morgan Freeman passa confiança e segurança como Nelson Mandela em “Invictus” e Jeremy Renner absorve expressa bem o vício em adrenalina de seu personagem em “Guerra ao Terror”. Mas nenhum se compara à força da atuação de Jeff Bridges em “Coração Louco”. O papel de um desgastado cantor de country encontra na atuação de Bridges um brilho inspirador e tão natural que chega a um tom quase autobiográfico. Não tive a oportunidade de checar Colin Firth em “Direito de Amar”, o ator foi muito elogiado e chegou até a levar o BAFTA – mas Bridges ainda tem o apoio dos prêmios dos sindicatos, por isso me parece a escolha certa.

Não tive a oportunidade de assistir a “Um Sonho Possível”, mas Sandra Bullock já me convenceu apenas com o trailer. Fazendo um papel atípico, Bullock sai da sua zona de conforto e consegue, como confirmado pela crítica e pelos prêmios que conquistou, encarar com segurança e precisão um papel dramático. Esse pulo é o fator que, me parece, conquistará o reconhecimento da Academia. Gabourey Sidibe faz um bom trabalho em “Preciosa”, Carey Mulligan encanta e prende a atenção em “Educação”, Meryl Streep dá uma de... Meryl Streep, dando vida e alma para “Julie & Julia”. Helen Mirren de “The Last Station” apresenta uma performance boa, mas, para mim, nada é maior do que a revelação de Sandra Bullock como uma atriz melhor que as comédias românticas a que se acostumou.

O detestável, ainda que cavalheiro e delicado, oficial nazista de Christoph Waltz, um dos muitos trunfos de “Bastardos Inglórios”, é a minha aposta mais provável de se transformar em vitória real. Ele incorpora de forma perfeita esse interessantíssimo papel e força quase todos a reconhecer seu talento – até mesmo, muito provavelmente, os eleitores da Academia. Não posso comentar sobre Woody Harrelsson (“Os Mensageiros”), Christopher Plummer (“The last Station”) e Stanley Tucci (“Um Olhar do Paraíso”), já que não assisti aos filmes. Mesmo Matt Damon entregando um desempenho consistente em “Invictus”, Waltz é imbatível com sua atuação hipnótica.

Por mais que eu torça incessantemente para o triunfo de Anna Kendrick, a novata muito talentosa de “Amor sem Escalas”, aposto na Mo’Nique de “Preciosa” - mesmo que sua atuação seja caricata em alguns momentos. Vera Farmiga não é particularmente inspiradora, nem Maggie Gyllenhaal em “Coração Louco” e Penélope Cruz de “Nine”.

Jason Reitman é o meu favorito para roteiro adaptado com “Amor Sem Escalas”, por transformar um livro em um belíssimo filme de diálogos incríveis. “Educação” também poderia ser uma escolha correta, com um roteiro tão bem cuidado quanto o de Reitman, mas há algo sobre o roteiro e a história de “Amor...” que me encanta mais, por isso dou vantagem a ele.

Sobre os filmes... “Guerra ao Terror” tem, certamente, seus méritos. É muito bem conduzido e realmente traz o espectador para dentro da ação, junto do esquadrão anti-bombas. O fato de contar uma história ligeiramente diferente dos outros filmes de guerra, ter personagens de maior profundidade e mais interessantes, como o oficial viciado em adrenalina de Jeremy Renner é o que me faz torcer para que Kathryn Bigelow leve as estatuetas de melhor filme e melhor direção hoje à noite.

Avatar é, inegavelmente, uma experiência e tanto que ficará marcada na história do cinema. Mas, em termos de conquista cinematográfica, na minha opinião, o filme merece apenas os prêmios técnicos. É bem conduzido, mas não de forma tão notável e realista como acontece em “Guerra ao Terror”. Mas se estes fossem o Juliana Awards, “Bastardos Inglórios” seria o maior ganhadores da noite. Não há outra definição para maestria do que a forma como Quentin Tarantino conduz o filme, que atinge um nível de quase perfeição: atuações, edição, história, roteiro, direção impecáveis.


Por último, mas nem de longe menos importante, marco na minha cartela do Juliana Awards “O Segredo de Seus Olhos” como melhor filme estrangeiro. Aliás, a agora que penso nisso, a mesma maestria de Tarantino em “Bastardos...” é aplicada por Juan José Campanella em seu filme. Talvez até esta seja potencializada, já que o diretor conta uma história trágica passeando por gêneros diferentes, como a comédia e o romance, não deixando o filme cair no mesmo tipo de clichê trágico vivenciado por “Preciosa”, por exemplo. Isso sem mencionar as mais que belíssimas atuações de praticamente todos os atores. Mas como não se pode ter tudo que se quer, marco na minha cartela do Academy Awards o bom, mas nada inspirado - se comparado com o concorrente argentino –, “Fita Branca” para levar este prêmio.




Com menos de uma hora agora para o início da cerimônia, os astros vão chegando ao Kodak Theatre e desfilando pelo tapete vermelho. O mistério está para ser revelado, afinal será a vez de “Avatar”? Ou de “Guerra ao Terror”? Alguma surpresa? Nenhuma surpresa? É hora de nos juntarmos aos outros milhões de pessoas de olho em cada passo das celebridades eles e torcer por nossos favoritos!

sábado, 6 de março de 2010

Apostas para o Oscar 2010 (Daniel)


Amanhã todas as especulações sobre os ganhadores do Oscar chegarão ao fim. No entanto, sempre haverá aqueles (já até me incluo nesse grupo) que discorda de pelo menos algum dos prêmios concedidos pela academia. Se você está acompanhando as especulações, sabe que já há alguns francos favoritos. Mudanças são totalmente possíveis, mas o Oscar não costuma ser lá muito surpreendente. Em alguns aspectos, realmente não há o que discutir. Quem ousa dizer que Christopher Waltz não merece ou não irá levar o Oscar de melhor ator coadjuvante ou que Up não será considerado a melhor animação? Por outro lado, há muita discordância quando tratamos principalmente dos prêmios de melhor ator e atriz e obviamente dos prêmios mais esperados: melhor diretor e melhor filme. Eis então meus palpites e minhas opiniões.


Começemos pelo que é mais importante. O Oscar de melhor filme não sairá para outra opção que não seja “Avatar”, “Guerra ao Terror” ou “Bastardos Inglórios”. São, realmente, as opções mais “oscarizáveis”. Assisti 8 dos 10 filmes que concorrem e realmente não vi outro filme com a força desses três. Talvez “Educação” se aproxime por destrinchar tão bem o amadurecimento de uma linda menina e mostrar como os filhos podem dar uma lição em seus pais. “Amor sem escalas” tem um roteiro muito criativo até (que deve levar o Oscar de roteiro adaptado, apesar da minha preferência ser “Educação”), mas não emplaca. “Preciosa”, para mim, é um filme mal dirigido que torna uma situação trágica em algo exagerado. Faltou sutilezas. Lee Daniels desperdiçou um tema muito rico com um filme cujo objetivo único é chocar.


Que venham então os favoritos. Ver “Avatar”, como disse José Wilker à Globo News, é ir ao parque de diversões. É simplesmente uma experiência divertida, sem nada que nos deixe maravilhado. Além do mais, James Cameron já embolçou mais de US$ 2 bilhões com esse filme – que custou um quarto desse montante. Então, por favor, sejamos francos, não há a menor necessidade de desperdiçar um Oscar com isso. Já Kathryn Bigelow, ex-mulher de Cameron, faz um filme cuja direção é perfeita do começo ao fim. Uma direção tão sensacional não pode, de forma alguma, resultar em um filme que não seja no mínimo inesquecível. “Guerra ao Terror” merece um Oscar por abordar a guerra de uma forma pontual e íntima, focando na adrenalina que o personagem principal (um desarmador de bombas) acaba dividindo conosco durante sua “rotina”. Sendo assim, aposto que Kathryn leva as estatuetas de melhor filme e direção para casa, apesar de um dos produtores ter tido a infeliz ideia de mandar um e-mail aos membros da academia pedindo que não votassem em “Avatar”. É bom lembrar que ele foi expulso da festa. Por outro lado, Quentin Tarantino apresenta “Bastardos Inglórios” como uma alternativa à disputa entre marido e ex-mulher. Este foi o filme que mais me marcou desses três (já falei sobre ele aqui). O humor de Quentin e sua violência burlesca sempre merece menção. Meu desejo seria poder ver Tarantino levar o prêmio de melhor filme e Bigelow o de melhor diretor. Isso, infelizmente, não deve acontecer. Afinal, a academia não desiste de vincular o melhor filme à melhor direção.


Mark Boal (roteirista), Kathryn Bigelow, Greg Shapiro (produtor) e o esperto Nicholas Chartier (produtor que mandou o e-mail) recebendo o Bafta



Há forte favoritismo também na categoria de melhor atriz. Sandra Bullock é o nome mais comentado. Depois de ter ganho o Globo de Ouro, a atriz que rouba a cena em “Um Sonho Possível” parece estar próxima da estatueta justamente por sua boa atuação ter sido uma surpresa tão grande. Ela mesma reconhece não ser grande atriz e suas comédias românticas geralmente passam longe da maior premiação do cinema. Sua investida em um personagem muito mais sério com qualidade aliado a sua simpatia, no entanto, podem lhe render um Oscar cujo mérito dramático me parece ser o menor dos detalhes. Além do mais, parece brincadeira comparar sua atuação com as de Meryl Streep e Helen Mirren. Mirren levou a estatueta com “A Rainha” em 2007, mas Streep, em sua 16ª indicação – não leva o Oscar desde 1982 com “A escolha de Sofia” -, devia vencer por mais uma vez se reinventar, agora como a excêntrica chef de culinária francesa Julia Child em “Julie & Julia”. Uma segunda opção, mais justa que Bullock, seria se Carey Mulligan, a nossa nova Audrey Hepburn, levasse o prêmio por fazer de “Educação” um grande filme. Ela já venceu o Bafta e tem todo o direito de levar o Oscar por revelar a complexidade de uma personagem tão boa.


Quanto a melhor ator eu não posso falar muito. Meus comentários se limitam a dizer que não, George Clooney não vai levar o Oscar. Não há nada de especial em sua atuação em “Amor sem Escalas”. Esse Oscar será de Jeff Bridges ou de Colin Firth. Particularmente, torço mais pelo segundo pois a sua atuação parece sensacional em “Desejo de Amar”, mas reconheço que ele não deverá levar o prêmio, justamente porque Jeff Bridges nunca ganhou uma estatueta dourada e parece também ser o grande barato de “Coração Louco”. Devo lembrar também que Firth interpreta um homossexual e nos últimos anos Philip Seymor Hoffman e Sean Penn já levaram o prêmio por captar a essência gay, o que poderia tornar a escolha da academia um pouco repetitiva.


Por fim, expresso minha torcida apaixonada pelo filme argentino “O Segredo de Seus Olhos” - o melhor que assisti nesse ano até o momento – para levar a estatueta de melhor filme estrangeiro. Uma combinação de direção, roteiro e atuações primorosas assim não pode sair de Los Angeles sem nada. Vale muitíssimo a pena assistir. O Oscar será transmitido na íntegra pelo TNT a partir das 21 horas e pela Rede Globo a partir de meia noite.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Especial Oscar III


Na categoria de melhor atriz coadjuvante, o Oscar 2010 traz alguns nomes novos para a premiação – este, certamente, não é o caso da atriz espanhola Penélope Cruz. Indicada por seu papel no musical “Nine”, Cruz já é uma velha conhecida do homenzinho dourado, que faturou ano passado ao emprestar seu talento para a instável pintora de “Vicky Cristina Barcelona”.



O filme “Amor sem Escalas” (Up in the Air), indicado a seis Oscars,emplacou duas atrizes muito diferentes nesta categoria. De um lado está Vera Farmiga, indicada pela primeira vez, que lida bem com seu papel de interesse amoroso de George Clooney, quase como uma versão masculina do personagem do ator. Farmiga confere certo senso de verossimilhança a sua personagem com uma atuação real.

A desafiante do mesmo filme é a novatíssima Anna Kendrick, recentemente vista em “Lua Nova” (New Moon). A jovem atriz com pouquíssimos filmes no currículo, chamou atenção no circuito, abocanhando vários prêmios de revelação do ano e indicações às principais premiações. Como uma jovem recém contratada que tenta revolucionar a forma como sua empresa trabalha, Kendrick cumpre seu papel com incrível fidelidade. Os toques de perfeccionismo, o jeito “certinho” e focado da personagem são retratados perfeitamente por pequenos gestos, movimentos e expressões da atriz – aparentando um mínimo de esforço.

Por sua inexperiência e por ainda estar em início de carreira, Anna Kendrick, infelizmente, conta com poucas chances no domingo. Mas apenas o fato de ter chegado onde chegou tão rapidamente já é uma vitória para a talentosa atriz.



A consolidada Maggie Gyllenhaal também concorre ao seu primeiro Academy Award, por “Coração Louco”. Ainda que tenha tido que dividir com Julianne Moore, de “Direito de Amar” (A Single Man), as vagas nas indicações da temporada, Gyllenhaal é parte importante do filme ao dar vida à jornalista responsável pela volta de inspiração de um cantor de country. Sua atuação é sólida e doce, mas sua força não deverá ser suficiente para subir ao palco do Kodak Theatre este ano.

Tal honra já deve estar reservada para Mo’Nique. A quinta indicada varreu todos os prêmios da categoria, incluindo o Globo de Ouro e o Screen Actors Gulild. Mo’Nique encontrou na mãe da protagonista de “Preciosa” (Precious: based on the novel Push by Sapphire) o papel mais importante de sua vida – e não é para menos. A maldade da personagem é expressada pela atriz sem piedade e de forma quase bruta, encaixando-se perfeitamente no papel.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Especial Oscar 2010 II


Ao que tudo aponta, o 82º Oscar de melhor atriz em papel principal irá para Sandra Bullock por seu trabalho em “Um Sonho Possível” (The Blind Side). A atriz americana encara a dramática história da mulher que recebe um garoto sem esperanças para o futuro em sua casa e acaba por tratá-lo como um filho, com grande determinação e força. O trailer do filme – previsto para chegar ao Brasil somente em 19 de Março – apenas com seus três minutos de duração, já causa espanto em relação à inspirada atuação que a atriz apresenta.

Mais conhecida por seu trabalho em comédias como “Miss Simpatia” (2000), Bullock tem colecionado prêmios nesta temporada e já tem em sua estante o Globo de Ouro, People’s Choice e o Screen Actors Gulild Awards – críticos e público reconhecem igualmente a grandeza alcançada por Sandra Bullock em “Um Sonho Possível”.

Veterana das telonas e já ganhadora do Academy Awards, a rainha Helen Mirren é reconhecida mais uma vez pelos eleitores do Oscar, pelo filme “The Last Station”. Mirren vive a esposa de Léon Tolstói, já na reta final de sua vida, com todo o talento ao qual o público já se acostumou. Com apenas o prêmio do festival de Roma e algumas indicações, a atriz está há alguns laps de distância das concorrentes na corrida para levar a estatueta dourada.

Os próprios realizadores de “Educação” (An Education) encontram-se estupefatos com a dimensão alcançada por seu pequeno filme, o que dizer, então, de Carey Mulligan, a protagonista? Seu retrato de uma adolescente em dúvida sobre obter uma educação formal ou uma educação de vida junto a um homem mais velho que a encanta, não só lhe rendeu uma indicação ao Oscar. A jovem atriz vem sendo comparada com a grande Audrey Hepburn, pela naturalidade e ingenuidade que ambas dão às suas personagens.

Mulligan tem recebido muito destaque e acumulado prêmios como o recente BAFTA de melhor atriz, além de ter sido indicada à maioria das premiações da temporada. Seu desempenho em “Educação” é fiel e arrebatadora – é quase impossível tirar os olhos dela. Se destacar tanto ao retratar uma típica adolescente é, certamente, um grande mérito dessa atriz britânica com um grande futuro pela frente.

O papel encarado pela novata Gabourey Sidibe em “Preciosa” (Precious: based on the novel by Sapphire) está bem distante do de uma adolescente típica. Ao tratar da história da adolescente negra, analfabeta, obesa e grávida do seu segundo filho-irmão, os realizadores do filme caíram em certo extremismo caricato do trágico. Isso também acontece com Sidibe, cuja atuação é forte, apesar de, por vezes, parecer caricata. A atriz teve seu desempenho reconhecido em inúmeras premiações, chegando a ganhar muitos prêmios do círculo de críticos, e atinge o clímax ao ser indicada ao Oscar nesta edição.

Não é surpresa que a quinta indicação seja destinada à precisa e, como sempre, incrível atuação de Meryl Streep como Julia Child descobrindo a culinária de Paris, em “Julie & Julia”. Veterana do Oscar – com 16 indicações e 2 vitórias – Streep esbanja naturalidade e conforto em cena ao reviver a ídola das donas de casa americanas. A atriz também teve participação garantida nas listas de premiações de melhores do ano, culminando com a sua já tradicional indicação anual ao Oscar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Especial Oscar 2010

Com pouco mais de 100 horas faltando para a grandiosíssima 82° cerimônia de entrega do Academy Awards – que este ano promete vir em estilo luxuoso, com cortinas ainda maiores de cristais Swarovski no palco, para compensar a edição passada que, parece, foi “contida” devido à crise – os nervos estão à flor da pele, tanto dos cinéfilos quanto dos indicados.

E, tendo já passado o tradicional almoço dos indicados, oferecido pela Academia, encontramo-nos na última hora antes da meia noite da reta final para o Oscar. É devido a isso e à temporada intensa de caça aos filmes que concorrem ao prêmio máximo do cinema, que chegou a hora de comentar as conclusões e fazer especulações mais concretas. Nos próximos posts, tentarei comentar os principais filmes e as principais categorias da premiação.

O Oscar 2010 vem bem equilibrado: há categorias que incluem fortes candidatos e outras que já apontam para um favoritismo mais consolidado. A categoria de melhor ator em papel principal, por exemplo, se incluiria no primeiro caso.

Há o favorito Jeff Bridges, cuja comovente atuação em “Coração Louco” (Crazy Heart – previsto para estrear nos cinemas brasileiros dia 5 de março) como um desgastado cantor de country que enxerga a salvação em uma jornalista, lhe rendeu a participação em praticamente todos os prêmios importantes da temporada e vitória em alguns deles, como o Critics Choice, o Globo de Ouro e o Screen Actors Guild Awards. O fato de Bridges ter consigo esses dois últimos prêmios é o que pode fazer a mesa se inclinar para o seu lado.

Concorrente que pode surpreender, detentor de alguns prêmios do círculos de críticos estadunidenses (como o New York Films Critics Circle Awards) e do National Board of Review, é George Clooney, que em “Amor Sem Escalas” apresenta o que muitos descreveram como a melhor performance de sua carreira. No papel de um homem cujo trabalho é voar pelos EUA demitindo pessoas e tem com sua mala de viagem o seu relacionamento mais bem-sucedido, Clooney é fiel e cuidadoso, mas não particularmente inspirador. O ator também tem seu nome incluído na maioria das listas de indicados da temporada, e é tido como forte candidato na categoria.

Colin Firth também vem sendo cotado pelas listas de melhores atuações do não por sue papel no debut cinematográfico de Tom Ford como diretor, “Direito de Amar” (A Single Man). Firth também teve sua atuação como professor que perde seu parceiro em um acidente de carro e tenta seguir sua vida, reconhecido pelo círculo de críticos norte-americanos e levou o BAFTA da categoria. Se pesarmos o BAFTA de Firth com o Globo de Ouro de Bridges, o ator de “Coração Louco” provavelmente levaria a vantagem, o que também aponta para seu favoritismo neste domingo.

O Nelson Mandela do talentoso Morgan Freeman em “Invictus” é espantosamente preciso e por isso o ator também teve seu lugar de destaque na temporada, dividindo o National Board of Review de melhor ator com George Clooney, e indicado a diversos prêmios. O filme de Clint Eastwood segue a tentativa de Mandela de unir o país no período pós-apartheid utilizando o rugby. Mesmo apresentando uma ótima performance, Freeman não obteve tanto reconhecimento quantos seus companheiros de disputa, fato que provavelmente indicará que ele irá para casa sem a estatueta dourada este ano.

Protagonista do pequeno grande filme desta temporada, Jeremy Renner de “Guerra ao Terror” (The Hurt Locker), tem muito a comemorar. Além das inúmeras indicações que recebeu por seu papel como o líder, viciado em adrenalina, de um esquadrão anti-bombas no Iraque – algumas que até conseguiu ganhar – o ator ainda teve sua carreira renovada. Renegado a participações em séries televisivas e papéis menores, como no filme Extermínio 2 (2007), Renner aproveita agora a lufada de ar vinda com o Oscar: possui três filmes em pré-produção à sua frente. Suas chances de aumentar ainda mais a quota levando o Oscar de melhor ator deste ano são pequenas, já que sua força na categoria, assim como acontece com Morgan Freeman, é inferior a dos outros indicados – mas o ator certamente está agradecido.

Situação parecida foi a em que se encontrou Mickey Rourke na edição passada do Academy Awards. Com uma carreira completamente desgastada em que fazia papéis sem brilho há anos, Rourke ressurgiu das cinzas com “O Lutador” (The Wrestler – 2008). O papel de um lutador veterano sem a força da juventude que lutava para permanecer nos ringues caiu como uma luva no ator, que apresentou uma performance quase autobiográfica, de certa forma. Apesar de não ter recebido a estatueta, hoje Mickey Rourke conta com nove filmes para sair entre 2010/2011.
O favorito das pesquisas é Jeff Bridges, exatamente por o ator de “Coração Louco” estar apoiado sobre a força do Globo de Ouro e do Screen Actors Guild Awards, prêmio do sindicato dos atores. Mas será que isso será suficiente para subjugar de vez seus companheiros concorrentes? Nunca se pode declarar uma batalha do Oscar como vencida até que saia o resultado da guerra o que, no nosso caso, será neste domingo, 7 de março.