Com a chegada às salas brasileiras de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” (2009), tão esperado por seus fãs, a questão acerca das adaptações de obras literárias para as telonas volta à tona. Afinal, elas têm sido muito freqüentes e populares, mas será que as adaptações podem traduzir de maneira bem sucedida o universo das obras a que correspondem?
Para muitos, a magia que envolve um livro encontra-se na liberdade de se imaginar os cenários, personagens e situações da história conforme a preferência de cada leitor, desde que dentro dos traços delimitados pelo autor. A liberdade da imaginação seria responsável, então, pelo encantamento exercido sobre os leitores. É inegável, porém, que assistir a tais universos — antes apenas vivos na imaginação — nos cinemas, traz alguma satisfação, apesar das alegações de que as adaptações acabariam por restringir a imaginação dos leitores/espectadores quanto à história.
Para muitos, a magia que envolve um livro encontra-se na liberdade de se imaginar os cenários, personagens e situações da história conforme a preferência de cada leitor, desde que dentro dos traços delimitados pelo autor. A liberdade da imaginação seria responsável, então, pelo encantamento exercido sobre os leitores. É inegável, porém, que assistir a tais universos — antes apenas vivos na imaginação — nos cinemas, traz alguma satisfação, apesar das alegações de que as adaptações acabariam por restringir a imaginação dos leitores/espectadores quanto à história.
Dentre as 50 maiores bilheterias estadunidenses de todos os tempos, encontram-se doze adaptações, como “Senhor dos Anéis: Retorno do Rei (2003)” – com arrecadação de $377.019.252 -, “Parque dos Dinossauros (1993)” – com arrecadação de $356,784,000 -, “Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001)” – com arrecadação de $317,557,891 – e “Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (2005)” – com arrecadação de $291,709,845. Ou seja, cerca de um quarto dos cinqüenta filmes com maior arrecadação nas bilheterias do país foram baseados em livros.
Na lista das 50 maiores bilheterias de todos os tempos em todo mundo, a proporção aumenta. Além dos já citados acima, títulos como “O Código Da Vinci” (2006) e “Guerra dos Mundos”(2005) também integram a seleção, com arrecadações de $757,236,138 e $591,377,056, respectivamente.
Em termos qualitativos, as adaptações também marcam presença. Vale lembrar que “O Curioso Caso de Benjamin Button” (2008) — que, por acaso, também é a oitava maior bilheteria brasileira de 2009 até o fim de semana de 10-12 de Julho do corrente ano – concorreu à estatueta dourada mais cobiçada do cinema, o Oscar de Melhor Filme, cujo vencedor foi o então favorito “Quem Quer Ser um Milionário?” (2009), de Danny Boyle.
Ambos os filmes são baseados em obras literárias, sendo o primeiro no conto do grande escritor norte americano F. Scott Fitzgerald, mais conhecido por “O Grande Gatsby” – que aliás já teve duas adaptações feitas para o cinema. Já a saga de um jovem indiano que está prestes a se tornar bilionário teve como base o romance “Sua Resposta Vale um Bilhão”, de Vikas Swarup.
Ambos os filmes são baseados em obras literárias, sendo o primeiro no conto do grande escritor norte americano F. Scott Fitzgerald, mais conhecido por “O Grande Gatsby” – que aliás já teve duas adaptações feitas para o cinema. Já a saga de um jovem indiano que está prestes a se tornar bilionário teve como base o romance “Sua Resposta Vale um Bilhão”, de Vikas Swarup.
Participou ainda da premiação o belo “O Leitor” (2008), cuja história do relacionamento de um adolescente com uma mulher mais velha que depois revela ter se envolvido com o regime nazista, também integra o grupo das adaptações, tendo sido baseada no livro de Bernhard Schlink. Tendo em comum com os filmes citados logo acima indicações ao Oscar e o fato de ser uma adaptação cinematográfica de uma obra literária, encontra-se ainda “’Foi Apenas um Sonho” (2008) – o filme teve origem em uma obra de Richard Yates.
“O Poderoso Chefão” (1972), estrelado brilhantemente por Marlon Brando é um exemplo de adaptações bem sucedidas que foram muito aclamadas. Com uma arrecadação modesta, se comparada às citadas anteriormente, de 156,736,000 dólares, o filme é tido com um dos melhores de toda história. No site Internet Movie Database (IMDb), por exemplo, ele ocupa o segundo lugar da lista dos melhores de todos os tempos, com cerca de 358.720 votos. Talvez esse resultado não seja surpreendente, a obra original de Mario Puzo gozou de grande aclamação e o próprio autor se encarregou do screenplay, e o filme ainda contou com o grande Francis Ford Coppola na cadeira de direção.
No Brasil há, mais uma vez, espaço de sobra para o sucesso das adaptações. Tido no ano de 2008 como a maior bilheteria nacional, e figurando em nono entre as bilheterias nacionais e internacionais do referido ano, “Meu Nome Não É Johnny” (2008) foi um sucesso absoluto e... baseado na vida de João Guilherme Estrela segundo narrado no livro de Guilherme Fiúza. No mesmo ano, a lista das maiores bilheterias no solo brasileiro viu filmes como “Marley e Eu”, “007 - Quantum of Solace”, “Crepúsculo”, “Ensaio sobre a Cegueira”, “O Caçador de Pipas” e “Viagem ao Centro da Terra”, entre outros também baseados em livros.
Já 2009 presenciou as estréias e grandes arrecadações das adaptações “O Leitor”, “Anjos e Demônios”, “Ele Simplesmente Não Está a Fim de Você”, “O Curioso Caso de Benjamin Button” e “Divã”, este último que figura entre os marcos do sucesso do cinema nacional com seu surpreendente sucesso de bilheteria. E ainda podemos esperar as adaptações cinematográficas “Julie & Julia” (2009, livro de Julie Powell), “The Soloist” (2009, livro de Steve Lopez), “The Twilight Saga: New Moon” (2009, livro de Stephanie Meyer), “Sherlock Holmes” (2009, livro de Sir Arthur Conan Doyle), e muitos outros.
Dessa forma é impossível não perceber o fôlego com que filmes baseados em obras literárias atingem o mercado, cada vez em maior quantidade, qualidade e, puxando para si maiores lucros. É interessante observar que muitos destes filmes acabam tendo resultados tão arrebatadores nas bilheterias exatamente por já terem sido degustados através de seus respectivos livros. Afinal, a maioria deles só chega a ser adaptado se tiver apresentado bons resultados de venda nas livrarias, o que já acaba por formar hordas de fãs que esperam ansiosamente os cinemas pendurarem o pôster das adaptações de suas queridas histórias.
Mas assim como acontece na vida, existe o sucesso, da mesma forma em que existe o fracasso. Ao passo em que a trilogia “Senhor dos Anéis”, conduzida com maestria por Peter Jackson com base nos livros de J.R.R.Tolkien entre 2001 e 2003 foi eleita a melhor adaptação de todos os tempos, a adaptação “A Bússola de Ouro” (2007) da trilogia Fronteiras do Universo de Phillip Pullman, é informalmente atacada repetidas vezes em fóruns de discussão na internet como uma das piores adaptações da história cinematográfica.
Sendo um filme pior ou melhor do que seu livro correspondente, o melhor é checar os dois e assim compará-los, sem nunca esquecer que cada suporte tem uma linguagem própria, de forma que apresenta benefícios e malefícios a acrescentar ao enredo e até mesmo à narrativa de cada livro.