domingo, 7 de junho de 2009

Os Motores do Cinema Brasileiro

Nessa sexta-feira, dia 05 de Junho de 2009, estreiou em todo o Brasil “A Mulher Invisível”, o novo filme de Selton Mello, dirigido por Cláudio Torres de “O Redentor”. O filme trata do amor entre Pedro (Selton Mello), recém abandonado pela esposa, e uma mulher deslumbrante (vivida por Luana Piovani), mas que só ele consegue ver. O elenco ainda conta com Vladimir Brichta que é um amigo de Pedro e Maria Manoella que é apaixonada pelo personagem principal e existe. O humor à “Os Normais” de Fernanda Torres também está no filme.


O que se espera é que “A Mulher Invisível” seja o terceiro filme brasileiro no ano a bater a marca de 1 milhão de bilhetes vendidos. Nesse ano, “Divã” e “Se Eu Fosse Você 2” levaram o cinema brasileiro, já no final de Maio, a bater a bilheteria dos filmes brasileiros de todo o ano de 2008. Os dois filmes foram responsáveis por 88% dessa bilheteria. “Se Eu Fosse Você 2”, com 6 milhões de ingressos vendidos, é a maior bilheteria do ano nos cinemas brasileiros, deixando para trás sucessos como “X-Men Origens – Wolverine” e “Anjos e Demônios” e a sexta maior bilheteria de filmes brasileiros de todos os tempos. “Divã” também surpreendeu levando aos cinemas 1,7 milhões de pessoas.


A fórmula do sucesso tem sido, aparentemente, boas doses de comédia, atores da Rede Globo e co-produtoras estrangeiras (no caso de “A Mulher Invisível” é a Warner). A sequência de lançamentos desses filmes comerciais brasileiros também tem seguido um certo distanciamento temporal que otimiza os lucros. A lógica é: quando um filme brasileiro desse gênero está saindo das salas, chegando ao limite de bilheteria que poderia alcançar como mostra a forte queda nos rankings semanais, o outro filme é lançado. Foi assim com “Divã” depois de “Se Eu Fosse Você 2”, com “A Mulher Invisível” depois de “Divã” e parece que será assim com “Jean Charles” depois de “A Mulher Invisível”. “Jean Charles” não é um filme de comédia, mas nem por isso deixa de ser um filme aparentemente comercial e que terá grande apelo popular, seja pela participação de Selton Mello (ele atrai sucesso), seja pela repercussão que teve a história real na qual o filme se baseia. O filme (trailer abaixo) estreia nos cinemas de todo o Brasil no dia 26 de Junho.


A produção de bons filmes nacionais, evidentemente, não se limita a esse circuito comercial. Nesse ano houve um enorme número de documentários brasileiros sendo lançados – no Rio, dos 8 filmes brasileiros em cartaz, 6 são documentários – e muitos deles foram muito bem aceitos pela crítica de cinema de jornais importantes como A Folha de São Paulo e O Globo. “Garapa” de José Padilha (diretor de “Tropa de Elite”), “Paulo Gracindo – O Bem Amado” de Grancindo Júnior, “Palavra (En)Cantada” de Helena Solberg e “Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei” de Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal são bons exemplos. Esse último conseguiu magistralmente trazer o cantor esquecido Wilson Simonal às rodas de conversa, seja dos mais antigos, que vivenciaram o período em que o cantor foi acusado de estar com a ditadura, seja dos mais novos, que se impressionaram com a força de suas performances musicais.

E o cinema ainda tem muito que render nesse ano: “Os Normais 2” de José Alvarenga chega nos cinemas brasileiros em Agosto e em Dezembro estreia o polêmico “Do Começo ao Fim” de Aluízio Abranches que trata do amor homossexual entre dois irmãos (trailer abaixo). Seja qual for a escolha, o importante mesmo é prestigiar a produção cinematográfica nacional.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cidades do Amor



Em 2000, o produtor francês Emmanuel Benbihy teve a ideia de fazer um filme composto de 20 curta-metragens tendo como musa a cidade do amor, Paris. Cada curta seria filmado em um arrondissement, os bairros pelos quais Paris é dividida, e seria dirigido por um diretor diferente, incluindo alguns bem famosos. Benbihy então conseguiu o apoio de Claudie Ossard, que produziu “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, e assim concebeu o filme. Eventualmente, a diferença entre o resultado final do projeto e os planos iniciais – o filme tem 18 curta-metragens e eles praticamente não têm ligação uns com os outros – fizeram Benbihy e Ossard cortar relações, mas o filme foi lançado no festival de Cannes em 2006 com curtas de Gus Van Sant, Walter Salles e Patricia Thomas, Irmãos Coen, Isabel Coixet, Alexander Payne e outros. Entre os atores estão Elijah Wood, Willem Dafoe, Natalie Portman e Gérard Depardieu (que também dirige).

Alguns curtas são memoráveis, como o dos Irmãos Coen que mostra um turista inseguro passando por uma situação um tanto quanto complicada, os momentos finais de um imigrante apaixonado do diretor sul-africano Oliver Schmitz e a narração espontânea de uma turista sobre sua experiência pessoal em Paris com um francês com sotaque carregado sob a direção de Alexander Payne, de “Sideways”. Mesmo o Le Monde afirmando que é impossível fazer crítica do filme como um todo, visto que os curtas falham em se conectar, o resultado final mostra uma Paris de diferentes classes, cores, preferências sexuais (afinal, Gus Van Sant, de “Milk”, está no time de diretores) e até idiomas.

Paris, Je T’Aime”, no entanto, não é uma obra isolada: foi o primeiro de uma série de filmes que Benbihy planeja fazer cujo nome é “Cidades do Amor”. Em Novembro desse ano chega ao Brasil “New York, I love you”, o segundo filme da série. Nesse filme, haverá algo novo: transições com comentários entre os curtas. Depois de alguns atrasos o filme sobre o amor na capital do mundo terá, entre os diversos curta-metragens, a participação de atores como Orlando Bloom, Natalie Portman mais uma vez, Ethan Hawke, Kevin Bacon, Cristina Ricci e Andy Garcia. Entre os diretores estão, surpreendentemente, Scarlet Johansson e Natalie Portman, que estreiam na direção. Inegável, no entanto, é o descontentamento com a ausência de Woody Allen e Martin Scorsese que têm, cada um a seu modo, relações especiais com a cidade. Ainda assim, o trailer do filme (abaixo) convence.






Depois de Nova Iorque Benbihy acertou de ir para Xangai com o objetivo de fazer “Shanghai, I love you” a tempo para a World Expo 2010, evento que a moderna cidade chinesa sediará. Mas a melhor notícia ainda está por vir: Emmanuel Benbihy fechou negócio no festival de Cannes desse ano para produzir “Rio, Eu te amo”. O filme sobre a cidade maravilhosa terá 3 diretores brasileiros, outros 3 americanos e o restante será de diversos lugares do mundo. Datas e o nome dos diretores ainda não foram divulgados, mas a expectativa é que o filme seja uma forma de atrair o turismo para a cidade nas proximidades da Copa do Mundo de 2014. Resta, então, a expectativa!