segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Os Destaques do Cinema em 2009 para Daniel Barros

2009 certamente foi um ano produtivo para o cinema. Aspectos positivos não faltaram e os amantes de cinema não tiveram do que reclamar. Abaixo, eu listo os meus destaques, deixando bem claro que há muito mais a ser falado.

Simonal – Ninguém Sabe o Duro Que Dei

O documentário sobre o cantor Wilson Simonal é um exemplo de uma infinidade de filmes brasileiros lançados nesse ano que tinham por objetivo contar mais ao público histórias sobre alguns artistas inesquecíveis. Pra mim, esse filme específico tem um significado especial porque vai buscar um personagem quase que totalmente esquecido, mas que não só possuía muito talento como gerava muitas polêmicas. Com esses ingredientes bastante convenientes para um filme, Claudio Manoel, Calvito Leal e Micael Lager me proporcionaram 86 minutos de êctasy não só cinematográfico como musical. Os depoimentos, inclusive, são ótimos. Além do mais esse filme foi capaz de trazer o nome de Simonal de volta às paradas, conquistando muita gente da minha geração e lembrando o pessoal das gerações passadas como era bom o mulato do mustang cor de sangue que morava num país tropical cheio de limão, de limoeiro, de pé de jacarandá...



À Deriva

Esse filme me mostrou que não compreendo a cabeça dos críticos de cinema, ainda que eu me imagine como um deles futuramente. Desde às atuações até a fotografia, passando pelo roteiro e a cenografia, o último filme de Heitor Dhalia supera qualquer dúvida sobre sua qualidade. Tanto que Cannes vibrou na exibição do filme cujo pano de fundo é a linda Búzios, no litoral Fluminense. Já a crítica brasileira, para a minha surpresa, se dividiu em suas análises. Miguel Barbieri Jr. da Veja SP disse que o filme “não transborda a comoção pretendida”, o que me faz pensar que ele não entendeu que Heitor Dhalia parecia querer tratar um assunto que pode ser tão dramático quanto o divórcio de um modo alternativo, frio, realista até, e belo, infinitamente belo. Em outras palavras, não havia “comoção pretendida”. De todo modo, o francês Vincent Cassel dá um toque especial no filme como um pai atencioso cuja filha, a avassaladora estreante Laura Neiva, nota as suas puladas de cerca eventuais num contexto de separação iminente. Como o próprio crítico da Veja confessa, o terceiro filme de Heitor Dhalia é “calculadinho”. E por que diabos isso haveria de ser ruim?



Apenas o Fim

Esse filme representa toda uma geração, na qual me incluo. A melhor coisa da primeira obra do universitário Matheus Souza é o conjunto de tiradas hilárias do personagem de Gregório Duvivier que a todo momento faz menção a elementos culturais que estiveram presentes na infância e adolescência dos jovens adultos de hoje. As condições de filmagem eram precárias (filmado dentro da PUC-RIO nas férias) e o custo baixíssimo, mas o resultado foi sucesso inegável. Trata da história de uma bela menina que decide deixar o namorado na rua da amargura, mas não sem antes explorar com ele as lembranças do relacionamento. A história, no fim das contas, é secundária, parece mais uma desculpa para Matheus Souza nos divertir. Ainda assim, aconselho os rapazes a não levarem suas namoradas para ver o filme, já que ele pode influenciá-las.



Bastardos Inglórios

É difícil ver um filme longo como esse que lhe conquista nos primeiros cinco minutos e continua a lhe conquistar durante todo o seu curso e deixa uma tremenda paixão após o fim de sua exibição. Inglorious Basterds, no original, fez isso. O filme que fechou o Festival do Rio traz às telas a história fictícia de um grupo armado que combate nazistas de forma brutal, mas eficiente. Tarantino novamente nos domina com sua irreverência, seus cuidados minunciosos e sua violência bizarra. Quanto aos atores, Christopher Waltz simplesmente dá vida a um dos personagens mais incríveis que já vi no cinema e Brad Pitt também esbanja talento como um caipira americano cujo sotaque leva o público ao riso fácil. Em suma, é uma obra memorável.



Julie & Julia

Essa foi uma grande surpresa. Fui ao cinema vê-lo sem muitas expectativas, imaginando que seria um filme para passar o tempo e esquecer no dia seguinte. Até hoje não esqueci. Diferentemente de Bastardos Inglórios, conforme assistimos o filme não damos conta do quão especial ele é, apesar de Meryl Streep provar-se excepcional desde a sua primeira aparição. Aí é que está seu trunfo. Ele se constrói levemente, sem muito alarde, conforme é traçado um paralelo entre as histórias de Julia Child, uma americana que, nas décadas de 1950/60, se propõe a ensinar culinária francesa a mulheres americanas através de um livro que custa a ser publicado, e Julie Powell, uma americana em plena década que se encerra na quinta-feira que se propõe a fazer, em um ano, todas as receitas de Julia e colocar suas impressões em um blog. A forma como Nora Ephron faz as transições, acertadas e com ótimos ganchos, assim como a boa abordagem (sem perder o foco) das pequenas coisas que acontecem na vida das personagens principais ao longo de suas jornadas são duas características essenciais para que, ao final do filme, o espectador reconheça a sua perfeição. Então, competência é a palavra chave e não culinária.



Se Beber Não Case

Se ver um título ruim como esse, não se intimide. O grande problema do filme não tem nada a ver com seus realizadores, mas sim com seja lá quem foi que teve a ideia de colocar esse nome em português ridículo no original The Hangover (A Ressaca). Fora isso, é um filme que faz rir horrores com a história de 4 amigos que passam pelas situações mais inimagináveis durante a despedida de solteiro de um deles em Las Vegas – tinha que ser. A idiotice dos personagens não incomoda, como se pode inicialmente pensar, já que as palhaçadas não são previsíveis. É uma comédia pela qual eu não dava um centavo (não dá para dar muito crédito a um filme com participação especial do Mike Tyson), mas que, na verdade, é o melhor besteirol do ano.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal na Telona

Termômetros a ponto de explodir, gente demais nas calçadas, produtos em falta – não tem erro, é o Papai Noel chegando ali na esquina e tornando os lucros do comércio exorbitantes. Mas antes que todo o seu tempo livre seja sugado pelas rabanadas e perus a preparar, vale a pena relembrar alguns dos filmes que temperam essa época festiva. Chame os amigos e família mais cedo para comemorar o Natal e confira alguns dos títulos da lista abaixo!


Ao pensarmos em filmes natalinos é quase impossível não se lembrar, imediatamente, do doce “Milagre na Rua 34” (Miracle on 34th Street - 1994). O filme, que tem reprises anuais na TV aberta nessa temporada, é na verdade uma refilmagem – o original, de mesmo nome, data de 1947 e teve direção de George Seaton.

A história, no entanto, continua a mesma: menina de seis anos de idade e toda uma comunidade local de Nova York que não acreditam mais no bom velhinho encontram o Papai Noel de uma loja de departamentos que está convencido que é o verdadeiro Noel.

O elenco da versão de 1994 dirigida por Les Mayfield inclui Richard Attenborough - diretor do oscarizado Gandhi (1984) e mais conhecido por sua performance em Jurassic Park (1993)- , Mara Wilson – conhecida pelo papel de Matilda no filme homônimo de 1996 - , Dylan McDermott e Elizabeth Perkins. Todos entregam performances boas o suficiente para um filme de Natal, especialmente Attenborough, que chegou a ser indicado para melhor ator coadjuvante pela Academia de Ficção-Científica, Fantasia e Filmes de Terror de 1995 por seu Kris Kringle.
“Milagre na Rua 34”, como todo bom filme natalino tem um pouco de tudo: aventura, drama, romance e presentes. Capaz de arrancar lágrimas e sorrisos, este clássico natalino é um ótimo acessório pré-ceia.




O próximo filme que tem NATAL estampado na capa, literalmente, também se consagrou um clássico natalino. Falo de “Esqueceram de Mim” (Home Alone, 1990), dirigido por Chris Columbus, com roteiro do grande John Hughes e estrelado pelo prodígio mirim Macaulay Culkin.

A caótica família de Kevin McCallister prepara-se para atravessar o oceano e passar o Natal na França, só que esquecem algo mais importante do que as usuais roupas de última hora e escovas de dentes – Kevin. O menino, então, que vai tomar conta de si e da casa até a volta dos pais, precisará defender seu lar de dois ladrões nada espertos. Toda essa confusão e aventura tornam o filme outro título assíduo da Sessão da Tarde no mês de dezembro.

“Esqueceram de Mim” segue a mesma fórmula de “Milagre na Rua 34” somente com uma dose menor de drama e emoção. Os outros ingredientes estão todos lá, aventura, romance, presentes, trapalhadas com a adição de uma pitada de superação familiar.





Apostando agora em uma mistura um pouco diferente, e avançando no tempo até o ano de 2006, encontramos “O Amor não Tira Férias” (The Holiday), da diretora veterana Nancy Meyers, mesma de “Alguém Tem Que Ceder” (2003).

Íris, britânica, e Amanda, americana, ambas possuem problemas amorosos e, buscando esquecê-los, resolvem passar o Natal de forma diferente ao realizarem uma troca de casas. Assim, Íris irá para a casa de Amanda em Los Angeles, e a americana acabará no interior da Inglaterra, Surrey.

A simpatia do elenco já constitui grande parte do encantamento do filme, em que protagonizam Kate Winslet, Cameron Diaz, Jude Law e Jack Black. Há, ainda a participação do grande Eli Wallach, de “Poderoso Chefão 3” (Francis Ford Coppola, 1990) e “Três Homens em Conflito” (Sergio Leone, 1966). Como um bônus para admiradores do cinema, há ainda diversas referências cinematográficas por parte do núcleo de Los Angeles – a personagem de Cameron Diaz trabalha produzindo trailers de cinema, é vizinha do personagem de Eli Wallach, que vive um roteirista aposentado da grande época de Hollywood, e é amiga do personagem de Jack Black, compositor de trilhas sonoras para cinema.
É um encantador pequeno filme, nada muito grandioso, mas suficiente para garantir o entretenimento natalino que estamos procurando. Seu elenco de estrelinhas não impede que essa comédia romântica tenha a leveza garantida pelos ingredientes típicos dessa época festiva.




O grand finale, prato principal dos filmes regados pelo espírito natalino não pode ser ocupado por nenhum outro que o divertidíssimo “Simplesmente Amor” (Love Actually, 2003). Aqui, de fato, está um filme que usa os ingredientes usuais com novas misturas, tendo como resultado uma bela sobremesa natalina.

Se “O Amor não Tira Férias” tinha alguns nomes famosos, “Simplesmente Amor” traz uma enxurrada de astros consagrados. Bill Nighty, Colin Firth, Hugh Grant, Keira Knightley, Liam Neeson, Emma Thompson, Laura Linney – o elenco conta até com o brasileiríssimo Rodrigo Santoro!

O filme fala dos encontros e desencontros de um grupo de pessoas em histórias entrelaçadas na Londres pré-natalina. Algumas começam relacionamentos e outras terminam, algumas estão nos relacionamentos certos e outras nos errados. A mensagem é clara: o amor está em todo lugar e tem todas as formas.

O cuidado do diretor e roteirista novato Richard Curtis com a história transparece a cada cena e na própria atuação dos atores envolvidos, tornando este um ótimo conto natalino sobre o que é o Natal: estar com quem você ama.