segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Os Destaques do Cinema em 2009 para Daniel Barros

2009 certamente foi um ano produtivo para o cinema. Aspectos positivos não faltaram e os amantes de cinema não tiveram do que reclamar. Abaixo, eu listo os meus destaques, deixando bem claro que há muito mais a ser falado.

Simonal – Ninguém Sabe o Duro Que Dei

O documentário sobre o cantor Wilson Simonal é um exemplo de uma infinidade de filmes brasileiros lançados nesse ano que tinham por objetivo contar mais ao público histórias sobre alguns artistas inesquecíveis. Pra mim, esse filme específico tem um significado especial porque vai buscar um personagem quase que totalmente esquecido, mas que não só possuía muito talento como gerava muitas polêmicas. Com esses ingredientes bastante convenientes para um filme, Claudio Manoel, Calvito Leal e Micael Lager me proporcionaram 86 minutos de êctasy não só cinematográfico como musical. Os depoimentos, inclusive, são ótimos. Além do mais esse filme foi capaz de trazer o nome de Simonal de volta às paradas, conquistando muita gente da minha geração e lembrando o pessoal das gerações passadas como era bom o mulato do mustang cor de sangue que morava num país tropical cheio de limão, de limoeiro, de pé de jacarandá...



À Deriva

Esse filme me mostrou que não compreendo a cabeça dos críticos de cinema, ainda que eu me imagine como um deles futuramente. Desde às atuações até a fotografia, passando pelo roteiro e a cenografia, o último filme de Heitor Dhalia supera qualquer dúvida sobre sua qualidade. Tanto que Cannes vibrou na exibição do filme cujo pano de fundo é a linda Búzios, no litoral Fluminense. Já a crítica brasileira, para a minha surpresa, se dividiu em suas análises. Miguel Barbieri Jr. da Veja SP disse que o filme “não transborda a comoção pretendida”, o que me faz pensar que ele não entendeu que Heitor Dhalia parecia querer tratar um assunto que pode ser tão dramático quanto o divórcio de um modo alternativo, frio, realista até, e belo, infinitamente belo. Em outras palavras, não havia “comoção pretendida”. De todo modo, o francês Vincent Cassel dá um toque especial no filme como um pai atencioso cuja filha, a avassaladora estreante Laura Neiva, nota as suas puladas de cerca eventuais num contexto de separação iminente. Como o próprio crítico da Veja confessa, o terceiro filme de Heitor Dhalia é “calculadinho”. E por que diabos isso haveria de ser ruim?



Apenas o Fim

Esse filme representa toda uma geração, na qual me incluo. A melhor coisa da primeira obra do universitário Matheus Souza é o conjunto de tiradas hilárias do personagem de Gregório Duvivier que a todo momento faz menção a elementos culturais que estiveram presentes na infância e adolescência dos jovens adultos de hoje. As condições de filmagem eram precárias (filmado dentro da PUC-RIO nas férias) e o custo baixíssimo, mas o resultado foi sucesso inegável. Trata da história de uma bela menina que decide deixar o namorado na rua da amargura, mas não sem antes explorar com ele as lembranças do relacionamento. A história, no fim das contas, é secundária, parece mais uma desculpa para Matheus Souza nos divertir. Ainda assim, aconselho os rapazes a não levarem suas namoradas para ver o filme, já que ele pode influenciá-las.



Bastardos Inglórios

É difícil ver um filme longo como esse que lhe conquista nos primeiros cinco minutos e continua a lhe conquistar durante todo o seu curso e deixa uma tremenda paixão após o fim de sua exibição. Inglorious Basterds, no original, fez isso. O filme que fechou o Festival do Rio traz às telas a história fictícia de um grupo armado que combate nazistas de forma brutal, mas eficiente. Tarantino novamente nos domina com sua irreverência, seus cuidados minunciosos e sua violência bizarra. Quanto aos atores, Christopher Waltz simplesmente dá vida a um dos personagens mais incríveis que já vi no cinema e Brad Pitt também esbanja talento como um caipira americano cujo sotaque leva o público ao riso fácil. Em suma, é uma obra memorável.



Julie & Julia

Essa foi uma grande surpresa. Fui ao cinema vê-lo sem muitas expectativas, imaginando que seria um filme para passar o tempo e esquecer no dia seguinte. Até hoje não esqueci. Diferentemente de Bastardos Inglórios, conforme assistimos o filme não damos conta do quão especial ele é, apesar de Meryl Streep provar-se excepcional desde a sua primeira aparição. Aí é que está seu trunfo. Ele se constrói levemente, sem muito alarde, conforme é traçado um paralelo entre as histórias de Julia Child, uma americana que, nas décadas de 1950/60, se propõe a ensinar culinária francesa a mulheres americanas através de um livro que custa a ser publicado, e Julie Powell, uma americana em plena década que se encerra na quinta-feira que se propõe a fazer, em um ano, todas as receitas de Julia e colocar suas impressões em um blog. A forma como Nora Ephron faz as transições, acertadas e com ótimos ganchos, assim como a boa abordagem (sem perder o foco) das pequenas coisas que acontecem na vida das personagens principais ao longo de suas jornadas são duas características essenciais para que, ao final do filme, o espectador reconheça a sua perfeição. Então, competência é a palavra chave e não culinária.



Se Beber Não Case

Se ver um título ruim como esse, não se intimide. O grande problema do filme não tem nada a ver com seus realizadores, mas sim com seja lá quem foi que teve a ideia de colocar esse nome em português ridículo no original The Hangover (A Ressaca). Fora isso, é um filme que faz rir horrores com a história de 4 amigos que passam pelas situações mais inimagináveis durante a despedida de solteiro de um deles em Las Vegas – tinha que ser. A idiotice dos personagens não incomoda, como se pode inicialmente pensar, já que as palhaçadas não são previsíveis. É uma comédia pela qual eu não dava um centavo (não dá para dar muito crédito a um filme com participação especial do Mike Tyson), mas que, na verdade, é o melhor besteirol do ano.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal na Telona

Termômetros a ponto de explodir, gente demais nas calçadas, produtos em falta – não tem erro, é o Papai Noel chegando ali na esquina e tornando os lucros do comércio exorbitantes. Mas antes que todo o seu tempo livre seja sugado pelas rabanadas e perus a preparar, vale a pena relembrar alguns dos filmes que temperam essa época festiva. Chame os amigos e família mais cedo para comemorar o Natal e confira alguns dos títulos da lista abaixo!


Ao pensarmos em filmes natalinos é quase impossível não se lembrar, imediatamente, do doce “Milagre na Rua 34” (Miracle on 34th Street - 1994). O filme, que tem reprises anuais na TV aberta nessa temporada, é na verdade uma refilmagem – o original, de mesmo nome, data de 1947 e teve direção de George Seaton.

A história, no entanto, continua a mesma: menina de seis anos de idade e toda uma comunidade local de Nova York que não acreditam mais no bom velhinho encontram o Papai Noel de uma loja de departamentos que está convencido que é o verdadeiro Noel.

O elenco da versão de 1994 dirigida por Les Mayfield inclui Richard Attenborough - diretor do oscarizado Gandhi (1984) e mais conhecido por sua performance em Jurassic Park (1993)- , Mara Wilson – conhecida pelo papel de Matilda no filme homônimo de 1996 - , Dylan McDermott e Elizabeth Perkins. Todos entregam performances boas o suficiente para um filme de Natal, especialmente Attenborough, que chegou a ser indicado para melhor ator coadjuvante pela Academia de Ficção-Científica, Fantasia e Filmes de Terror de 1995 por seu Kris Kringle.
“Milagre na Rua 34”, como todo bom filme natalino tem um pouco de tudo: aventura, drama, romance e presentes. Capaz de arrancar lágrimas e sorrisos, este clássico natalino é um ótimo acessório pré-ceia.




O próximo filme que tem NATAL estampado na capa, literalmente, também se consagrou um clássico natalino. Falo de “Esqueceram de Mim” (Home Alone, 1990), dirigido por Chris Columbus, com roteiro do grande John Hughes e estrelado pelo prodígio mirim Macaulay Culkin.

A caótica família de Kevin McCallister prepara-se para atravessar o oceano e passar o Natal na França, só que esquecem algo mais importante do que as usuais roupas de última hora e escovas de dentes – Kevin. O menino, então, que vai tomar conta de si e da casa até a volta dos pais, precisará defender seu lar de dois ladrões nada espertos. Toda essa confusão e aventura tornam o filme outro título assíduo da Sessão da Tarde no mês de dezembro.

“Esqueceram de Mim” segue a mesma fórmula de “Milagre na Rua 34” somente com uma dose menor de drama e emoção. Os outros ingredientes estão todos lá, aventura, romance, presentes, trapalhadas com a adição de uma pitada de superação familiar.





Apostando agora em uma mistura um pouco diferente, e avançando no tempo até o ano de 2006, encontramos “O Amor não Tira Férias” (The Holiday), da diretora veterana Nancy Meyers, mesma de “Alguém Tem Que Ceder” (2003).

Íris, britânica, e Amanda, americana, ambas possuem problemas amorosos e, buscando esquecê-los, resolvem passar o Natal de forma diferente ao realizarem uma troca de casas. Assim, Íris irá para a casa de Amanda em Los Angeles, e a americana acabará no interior da Inglaterra, Surrey.

A simpatia do elenco já constitui grande parte do encantamento do filme, em que protagonizam Kate Winslet, Cameron Diaz, Jude Law e Jack Black. Há, ainda a participação do grande Eli Wallach, de “Poderoso Chefão 3” (Francis Ford Coppola, 1990) e “Três Homens em Conflito” (Sergio Leone, 1966). Como um bônus para admiradores do cinema, há ainda diversas referências cinematográficas por parte do núcleo de Los Angeles – a personagem de Cameron Diaz trabalha produzindo trailers de cinema, é vizinha do personagem de Eli Wallach, que vive um roteirista aposentado da grande época de Hollywood, e é amiga do personagem de Jack Black, compositor de trilhas sonoras para cinema.
É um encantador pequeno filme, nada muito grandioso, mas suficiente para garantir o entretenimento natalino que estamos procurando. Seu elenco de estrelinhas não impede que essa comédia romântica tenha a leveza garantida pelos ingredientes típicos dessa época festiva.




O grand finale, prato principal dos filmes regados pelo espírito natalino não pode ser ocupado por nenhum outro que o divertidíssimo “Simplesmente Amor” (Love Actually, 2003). Aqui, de fato, está um filme que usa os ingredientes usuais com novas misturas, tendo como resultado uma bela sobremesa natalina.

Se “O Amor não Tira Férias” tinha alguns nomes famosos, “Simplesmente Amor” traz uma enxurrada de astros consagrados. Bill Nighty, Colin Firth, Hugh Grant, Keira Knightley, Liam Neeson, Emma Thompson, Laura Linney – o elenco conta até com o brasileiríssimo Rodrigo Santoro!

O filme fala dos encontros e desencontros de um grupo de pessoas em histórias entrelaçadas na Londres pré-natalina. Algumas começam relacionamentos e outras terminam, algumas estão nos relacionamentos certos e outras nos errados. A mensagem é clara: o amor está em todo lugar e tem todas as formas.

O cuidado do diretor e roteirista novato Richard Curtis com a história transparece a cada cena e na própria atuação dos atores envolvidos, tornando este um ótimo conto natalino sobre o que é o Natal: estar com quem você ama.


sábado, 10 de outubro de 2009

Pós Festival do Rio

2 semanas de Festival do Rio é definitivamente muito pouco. São inúmeros filmes que mesmo nos parecendo extremamente interessantes, acabam não sendo assistidos durante o Festival. Nos resta esperar que alguns desses filmes cheguem às nossas salas de cinema. Deste fim de semana até Maio serão diversas estreias de filmes que estiveram no Festival. Então vale a pena anotar na agenda as datas de alguns desses quitutes cinematográficos.

Outubro é mês de “Bastardos Inglórios”, do furão Quentin Tarantino, que entrou em cartaz nessa sexta-feira dia 8. Mas nesse fim de semana já podemos ver “Che 2 – A guerrilha”, continuação do filme sobre a vida do guerrilheiro argentino sob a direção de Steven Soderbergh, e Herbert de Perto, mais um filme da frutífera série de documentários sobre personalidades da música brasileira que vem se desenvolvendo ao longo do ano de 2009. No dia 16 de Outubro Soderbergh dá as caras de novo com “O Desinformante”, filme policial com Matt Damon no papel principal. A obra de ficção científica sul africana “Distrito 9” também será atração do dia 16 em diante. “Os Vigaristas” com Mark Ruffallo e Adrien Brody chega dia 23. No dia 30 “Alô, Alô, Terezinha” traz o velho Chacrinha de volta às telas. Além dele Coco Chanel também vem no corpo de Audrey Tautou em “Coco Antes de Chanel”. O comentado trash “Matadoras de Vampiras Lésbicas” e o drama familiar “The Burning Plain” também chegam no dia 30. O coreano de terror “Sede de Sangue” também chega em Outubro, mas sem data estabelecida.

Novembro começa com o vencedor do Prémiere Brasil “Os famosos e os duendes da morte” no dia 6. O documentário “A todo volume” fala sobre a guitarra através de guitarristas consagrados e chega no dia 6 também. Dia 13 é dia de Ang Lee com “Aconteceu em Woodstock” e da comédia romântica “500 dias com ela”. Veremos Almodóvar com “Abraços Partidos” a partir do dia 20, assim como o documentário “Maradona”. “Amor Extremo” com Keira Knightley, “A Batalha dos 3 Reinos” que é um caríssimo épico de John Woo, o documentário brasileiro “Cidadão Boilesen” e o esperado “Julie e Julia” com Meryl Streep são os títulos do dia 27, um dos mais “densos”. Ainda em Novembro, mas sem data definida, vem “Tokyo!”, “Tyson” e “Coco”.

No dia 11 de Dezembro Suzana Amaral estreia com “Hotel Atlântico”. Também é dia da comédia romântica “Adam”. Em Dezembro também chega a série de curtas “Nova York, Eu te amo”. Janeiro é o mês de “Insolação” de Daniela Thomas e Felipe Hirsch e de “Ricky”, comédia sobre uma criança. Até Maio chegam “An Education”, “Olhos Azuis”, “Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos” e “Sonhos Roubados”.

Evidentemente, essas datas podem mudar. Seja como for, o importante é saber que muitos dos filmes do Festival virão realmente ao Brasil curando parcialmente aquela dor do “quero mais” que o fim do Festival do Rio sempre nos deixa.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Salve Geral" disputa indicação ao Oscar e o Festival do Rio 2009

Em meados de Setembro, duas notícias chamam a atenção dos cinéfilos. Dentre os filmes competindo pela indicação para representar o Brasil na disputa a uma indicação no próximo Oscar, “Salve Geral” (Sérgio Rezende, 2009) foi o escolhido, vencendo longas como “Besouro” (João Daniel Tikhomiroff, 2009) e “A Festa da Menina Morta” (Matheus Nachtergaele, 2009).

O filme, que teve o Cinemark Downtown como anfitrião de sua pré-estréia no dia 22, deve chegar aos cinemas dia 2 de Outubro. O enredo fala sobre os ataque de maio de 2006 a São Paulo, que foi paralisada pelo crime – mas, inspirado nos fatos do acontecimento real, conta a história ficcional de duas mulheres, a mãe de um jovem preso pouco antes da rebelião, interpretada por Andrea Beltrão, e a advogada do líder do Comando.



Outro fato que tem mobilizado inúmeros cinéfilos é o tradicional Festival do Rio, que começa hoje, dia 24 de Setembro de 2009, e se estende até o dia 8. A inauguração ficará por conta de “Aconteceu em Woodstock” (Ang Lee, 2009), em uma sessão exclusiva para convidados hoje à noite no cinema Odeon.


Durante o maior festival de cinema da América Latina, os cariocas poderão notar a presença do diretor estadunidense Quentin Tarantino, - que virá com seu filme “Bastardos Inglórios” (2009), escolhido para a sessão de encerramento do festival – e de Jeanne Moreau, diva do cinema francês homenageada da edição, com uma mostra só para ela, que esteve em filmes de François Truffaut, Luís Buñuel e Louis Malle.

Na mostra competitiva encontram-se onze longas de ficção e sete documentários nacionais. O polêmico “Do Começo ao Fim”, de Aluízio Abranches teve que ser substituído por “O Sol do Meio-Dia” de Eliane Caffé, por não ter sido concluído a tempo. Entre as ficções, encontram-se “Bellini e o demônio”, de Marcelo Galvão, “Natimorto”, de Paulo Machline, “Hotel Atlântico”, de Suzana Amaral e “Viajo porque preciso, volto porque te amo”, de Karim Ainouz e Marcelo Gomes, entre outros.

Um pavilhão foi montado no Galpão de Cultura e Cidadania, onde haverá o Cine Encontro, que promove debates e contato entre o público e os cineastas participantes da Première Brasil. O pavilhão também abrigará um espaço inédito dedicado a jogos inspirados em filmes como “High School Musical”, “007 – Quantum of Solace” e “Poderoso Chefão 2”. Em entrevista ao Portal IG, a diretora-executiva do festival, Ilda Santiago, comentou que a criação deste espaço, assim como o Festival do Rio, tem o intuito de atrair e atender a todos os tipos de cinema e de público.

Com suas 28 mostras, este objetivo da edição 2009 do Festival fica bem claro, mantendo-se alinhado com as edições passadas. E pelo que parece, o festival tem atingido o seu alvo – em 2008, contou com mais de 220 mil espectadores. Muitos destes, provavelmente, já se vêem novamente com o programa em mãos, circulando filmes freneticamente e dando boas vindas a mais uma festa carioca de cinema.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

"Hotel Atlântico" é o Brasil no Festival de Toronto 2009

Imagine uma diretora de cinema de 77 anos que consegue levar seu filme ao festival de Toronto como o único representante de um país tão rico em termos cinematográficos como o Brasil. Essa diretora é Suzana Amaral e ela surpreendeu o público com o conteúdo inovador de seu filme “Hotel Atlântico”.


A história é de um homem sem rumo, que em sua viagem pelo Sul do Brasil se depara, e faz o público se deparar, com o sensual, o perigoso e, principalmente, o peculiar. A desconexão das suas experiências pode parecer um defeito, mas é o grande trunfo de um filme que parece, até mesmo pelo trailer, não querer contar uma história propriamente dita. Assim sendo, o inesperado pode ser considerado o que mais atrai no filme, colocando quem o assiste para viajar com o personagem sem nome do ator Júlio Andrade de “O homem que copiava”. João Miguel, de “Estômago”, e Mariana Ximenes também são tripulantes da viagem baseada no livro de João Gilberto Noll.



Suzana Amaral já dirigiu dois outros filmes ("A Hora da Estrela" de 1986 e "Uma Vida em Segredo" de 2002) e não é a primeira vez que é convidada para ir ao Festival de Toronto apresentar um filme. Dessa vez ela veio na categoria “Masters”, mas no festival de cinema do Rio de Janeiro, que começa no fim desse mês, ela estará na Mostra Competitiva. Inclusive, Suzana não precisará nem vencer para provar sua afirmação de que “Artista não tem idade”, afinal, ela foi a única que foi para a 34ª edição do importante festival de Toronto.

sábado, 29 de agosto de 2009

Contemplados pelo FSA

Na última quinta-feira, dia 20 de Agosto, a ANCINE (Agência Nacional de Cinema) divulgou a lista dos longas que receberão apoio financeiro federal na Linha C do Fundo Setorial do Audiovisual – que envolve a aquisição de direitos de distribuição de longas. O critério usado na seleção dos contemplados baseou-se no potencial comercial e de competição no mercado que os filmes pudessem ter, de forma a dar maior gás às produções nacionais no setor. A verba, cujo total soma 15 milhões de reais, constitui o primeiro grande financiamento federal a ser concedido este ano.

Ao analisarmos a lista (abaixo) dos contemplados, alguns nomes nos saltam aos olhos, como o de Daniel Filho (“Tempos de Paz”, 2009), contemplado com “As Vidas de Chico Xavier” e Daniela Thomas (“Linha de Passe”, 2008), contemplada na co-direção com Felipe Hirsch de “Insolação”. Alguns filmes também se destacam, como “Do Começo ao Fim”, polêmico longa de Aluízio Abranches que conta a história de um incestuoso caso de amor entre dois irmãos; e “Besouro”, de João Daniel Tikhomiroff, cujo trailer já circula nas sessões de cinema do circuito. O filme narra a lenda do herói capoeirista homônimo na Bahia de 1920.


Lista dos Filmes Selecionados na Linha C do FSA

“Amor Sujo” – Paulo Caldas (R$ 500 mil)
“Apollo Futebol Clube” – Mauricio Farias (R$ 700 mil)
“Besouro” – João Daniel Tikhomiroff (R$ 1,5 milhão)
“Corações Sujos” – Vicente Amorim (R$ 1,5 milhão)
“Um Dia” – Jéferson De (R$ 377 mil)
“Do Começo ao Fim” – Aluízio Abranches (R$ 462 mil)
“Eu e Meu Guarda-Chuva” – Toni Vanzolini (R$ 1 milhão)
“Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios” – Beto Brant (R$ 700 mil)
“Estação Liberdade” – Caito Ortiz (R$ 500 mil)
“Febre do Rato” – Claúdia Assis (R$ 500 mil)
“Histórias de Amor Duram 90 Minutos” – Pailo Halm (R$ 300 mil)
“A Hora e a Vez de Augusto Matraga” – Vinícius Coimbra (R$ 500 mil)
“Insolação” – Daniela Thomas e Felipe Hirsch (R$ 500 mil)
“Minhocas” – Paolo Conti e Artur Nunes (R$ 1,6 milhão)
“Salve Geral” – Sérgio Rezende (R$ 1,5 milhão)
“Somos Tão Jovens” – Antônio Carlos Fontoura (R$ 500 mil)
“As Vidas de Chico Xavier” – Daniel Filho (R$ 1,8 milhão)
“A Vida Secreta das Estrelas” – Ricardo Elias (R$ 483 mil)

Destaques

“Besouro – Nasce um Herói”, João Daniel Tikhomiroff

O publicitário João Daniel Tikhomiroff buscava uma inspiração para seu primeiro longa quando deu de cara com o livro “Feijoada no Paraíso”, de Marco Carvalho, que conta as histórias e lendas que envolviam um herói capoeirista. A obra o teria deixado apaixonado, e “Besouro” seria o resultado.
O filme é descrito como um épico repleto de aventura, paixão, misticismo e a mistura de dança e luta em que consiste a capoeira. Como fica claro nas cenas de luta do irresistível trailer, o projeto ainda envolveu o conceituado coreógrafo de cenas de ação Hiuen Chiu Ku, mesmo que arquitetou as seqüências de ação de “Tigre e o Dragão” (2000).

A história se passa na Bahia de 1920, onde os negros ainda sofriam com a descriminação e o trabalho escravo. O menino Manuel, que buscou sua identidade na capoeira, viria a ser o herói Besouro que lutaria contra a opressão de seu povo. Assim como o inseto homônimo, que desafiava as Leis da Física ao voar, o mítico capoeirista deveria desafiar a lei dos homens da época.

O filme, cuja estréia se dará no dia 30 de Outubro deste ano, tem chamado atenção do público. O trailer, que já foi liberado para ser passado antes das sessões nas salas de cinema do país, foi disponibilizado na rede e atingiu 310 mil visualizações no site YouTube – em apenas duas semanas após a sua disponibilização. A comunidade capoeirista também voltou seus olhos para o filme, o site de relacionamentos Orkut já possui comunidades sobre “Besouro”, que totalizam cerca de 3.000 membros, nas quais capoeiristas e simpatizantes discutem tanto a prática quanto o filme.



“Do Começo ao Fim”, Aluísio Abranches


Aluízio Abranches notara a prática do cinema de abordar temas delicados associando a eles justificativas trágicas ou traumáticas. O diretor de “As Três Marias” (2002) desejava, então, transformar temas considerados tabus em uma bela história de amor, na qual não houvesse tais justificativas, e que ocorresse naturalmente. Assim nasceu “Do Começo ao Fim”, polêmico filme que narra a história de dois irmãos que vão desenvolvendo uma proximidade íntima que os levará a manter um caso incestuoso.

O longa, que trata de dois temas delicados, o homossexualismo e o incesto, enfrentou alguns obstáculos. O ato de arranjar patrocínio, por exemplo, foi dificultado pelo preconceito. E mesmo quando o conseguiram, a condição dos patrocinadores era permanecer em anonimato.


A produção, que contou com um orçamento relativamente baixo, conseguiu se manter firme graças à fé dos envolvidos com o projeto. O renomado fotógrafo suíço Ueli Steiger, que fez a fotografia de “O Dia Depois de Amanhã” (2004) e “Patriota” (2000), participa do filme, principalmente devido a sua amizade com o diretor – ambos estudaram cinema juntos na Inglaterra.

A preocupação de Abranches com a estética do filme somada à participação de Ueli Steiger na fotografia ajudam a capturar de forma definitiva a delicadeza que sempre foi o foco do projeto. O fato de o resto das pessoas envolvidas realmente acreditarem na história - como o elenco, que conta com Júlia Lemmertz, Fábio Assunção, Rafael Cardoso e João Gabriel Vasconcellos no papel dos dois irmãos adultos - seria como a cereja no topo do bolo.



“Insolação", Daniela Thomas e Felipe Hirsch

Com o intuito de retratar o amor inalcançável de forma sincera, dotada da delicadeza própria do sentimento, Daniela Thomas e Felipe Hirsch rodaram o seu primeiro longa após realizarem em conjunto inúmeros projetos teatrais ao longo de nove anos. A experiência teatral dos dois acabou por trazer para o filme alto nível de sensibilidade ao retratar a história e uma cautelosa preocupação com a sua montagem e produção.


Tanta dedicação e cuidado apresentou um resultado satisfatório: “Insolação” foi selecionado para participar do 66° Festival de Veneza, representando o Brasil na mostra paralela Horizontes (o longa “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo”, de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, também participará da mostra) . Mesmo não concorrendo ao tradicional Leão de Ouro do festival, que ocorrerá entre 2 e 12 de setembro, a mostra para a qual o filme foi selecionado tem a sua importância – costuma privilegiar o cinema autoral que utiliza novas linguagens e aponta novas tendências.

Tais novas linguagens, que parecem ser exploradas no filme, apenas foram possíveis devido ao estado de liberdade criativa que os dois partilharam e suas montagens teatrais. Longos cinco anos foram necessários para que tanto Daniela quanto Felipe ficassem satisfeitos com o projeto – segundo este, cada passo que o filme avançava era pensado com extrema cautela e meditação, justamente por desejarem permanecer fiéis ao sentimento retratado em todos os seus aspectos.

O roteiro, que foi escrito baseando-se livremente em contos russos de autores como Tchekhov, Pushkin e Turgenev, fala sobre a utopia e febre de amor recém-iniciado, que poderiam ser confundidas com os efeitos de intensa insolação em uma cidade castigada pelo sol. No elenco, estão Paulo José, Simone Spoladore, Leonardo Medeiros, Leandra Leal, entre outros.


"As Vidas de Chico Xavier”, Daniel Filho

Como nos é explicitado pelo título, o longa trata do misterioso psicógrafo nascido em Minas Gerais. O filme, baseado no livro de mesmo nome escrito por Marcel Souto Maior, tenta desmistificar a figura de Francisco Cândido Xavier ao narrar sua história e seus feitos, como ter sido eleito ao prêmio Nobel da Paz e ter psicografado centenas de livros, que o tornariam um dos mais importantes brasileiros do século 20.

No elenco do filme encontram-se Tony Ramos, ator freqüente nos filmes de Daniel Filho, Letícia Sabatella, Cássia Kiss, Christiane Torloni, entre outros. O papel principal será revezado por três atores que retratarão o mineiro em três fases diferentes de sua vida, Mateus Rocha será o Chico de 1915 a 1922, Ângelo Antônio é encarregado do período de 1931 a 1959, e Nelson Xavier é o Chico maduro de 1969.

A direção fica por conta do veterano carioca Daniel Filho, envolvido com uma miríade de filmes nacionais que incluem “Auto da Compadecida” (2000), “Cidade de
Deus” (2002), “Zuzu Angel” (2006) e “Se eu Fosse Você 2” (2008), principalmente através da sua produtora Lereby Produções.

O diretor já afirmou que buscou focar-se no homem Chico Xavier, que carregava o compromisso com a paz e a espiritualidade de uma forma paterna. “As Vidas de Chico Xavier” foi filmado no pólo cinematográfico de Paulínia e manteve um blog (
http://www.chicoxavierofilme.com.br/blog/) acompanhando a produção e as filmagens do filme, que foram encerradas há cerca de uma semana e meia, no dia 17 de Agosto de 2009. A estréia do longa está prevista para o dia 2 de abril de 2010 – dia em que Chico completaria cem anos.


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Relato Pessoal: O Cinema na China

Não é novidade para ninguém que um governo totalitário como o chinês, sob as rédeas firmes do partido comunista há 60 anos, exerça o seu poder de censura também sob a sétima arte. Independente de concordarmos ou não com a censura do governo chinês, foi inevitável para mim, como expatriado em Xangai durante 2 anos, notar que em termos de conhecimento e cultura a população chinesa (e, por tabela, o crescente grupo de expatriados) é amplamente prejudicada, mesmo em cidades cosmopolitas como Xangai.

Os censores chineses escolhem 20 filmes estrangeiros ao longo do ano para serem exibidos nas poucas salas de cinema da China. Portanto, os filmes estrangeiros que chegam ao cinema chinês são grandes “blockbusters”. Bons exemplos são os filmes do Homem-Aranha, “Missão Impossível III”, que foi filmado em Xangai, e “Mr. Bean – O Filme”. Muitos desses filmes acabam sendo lançados muito depois de serem exibidos na maior parte do mundo e de serem largamente comercializados em DVD, original ou falsificado. “Anjos e Demônios”, filme baseado no livro de Dan Brown, até o presente momento não chegou nos cinemas chineses. Essa demora em geral ocorre em decorrência da análise meticulosa que os censores chineses fazem dos filmes, editando-os (como foi o caso do próprio “Missão Impossível III”, “007 Cassino Royale” e tantos outros) ou proibindo a distribuição de certos filmes pelos motivos mais aleatórios, ainda que seja notado o repúdio do governo chinês a atos de violência extrema, à homossexualidade e à pornografia (ou mesmo o nudismo sem fins eróticos). “Os Infiltrados”, filme de Scorsese que venceu o Oscar de melhor filme em 2007, é um exemplo de filme proibido de ser exibido por conter conteúdo violento, assim como “Piratas do Caribe – O Baú da Morte” que tinha o canibalismo como agravante, ainda que “Piratas do Caribe – No Fim do Mundo” tenha sido exibido. Essa proibição tem até base lógica, já que na China não há classificação etária para os filmes. O que nunca consegui compreender é o porquê da não existência de classificação etária.

Todo esse descaso com uma arte de tamanha relevância como o cinema traz, inevitavelmente, diversas consequências. Xangai, com sua enorme população que inclui muitos estrangeiros, possui poucas salas de cinema que passam, em sua maioria, filmes chineses. Imagine as cidades do interior. A necessidade de ver outros filmes alimenta o mercado de DVDs “piratas” que custam, em média, 10 yuan, o equivalente a cerca de 3 reais. Filmes pirateados são vendidos em qualquer lugar imaginável em Xangai, através de ambulantes ou de lojas especializadas, que tem a aparência de locadoras que, inclusive, não existem na cidade já que a pirataria é consumida pela grande maioria dos chineses e estrangeiros. O sucesso, se justifica até pelos preços dos ingressos para esses poucos cinemas, que é altíssimo, muito mais caro do que um filme pirateado. Os DVDs originais demoram a sair quando se trata de filmes recentes, é bem mais caro e vendido em poucos lugares. A oferta de filmes que não podem ser vistos no cinema nessas lojas, ofusca qualquer brilho que o cinema chinês pudesse ter, então a proibição configura-se como um ato que prejudica também, o cinema do país, que já não tem muita tradição exceto por cineastas como Ang Lee, que é profundamente odiado pelo partido comunista. Quanto à mentalidade da população, o interesse no cinema é simplesmente desmotivado. O conhecimento sobre o cinema é limitado, visto que filmes não americanos não são comuns. “Adeus, Lênin”, um bom filme alemão, era um dos poucos que via com frequência nessas lojas de DVDs.

Esse aspecto da censura chinesa é apenas uma pequena parte de um debate muito maior que se estabelece acerca do quão aceitável é o autoritarismo do governo chinês, em contraste com os diversos êxitos alcançados pelo partido comunista ao longo dos anos, principalmente a partir da era Deng Xiaoping, pós Mao Tse Tung.

sábado, 15 de agosto de 2009

Tempo de menos, filmes demais


O diretor de uma das mais consagradas e bem-sucedidas trilogias que as telonas já presenciaram tem se mantido muitíssimo ocupado — apesar de seu suposto sumiço após o lançamento de seu último filme, “King Kong” (2005). O neozelandês Peter Jackson, 47 anos, famoso pela adaptação de “Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien, está envolvido em inúmeras produções.

Sua carreira começou com o filme trash “Náusea Total” (Bad Taste, 1987), feito de maneira amadora — devido ao baixíssimo orçamento de Jackson— e com a participação de parentes e amigos em todas as funções possíveis, que foi parar inscrito no Festival de Cannes do ano, fato que o rendeu alguns prêmios e reconhecimento. A história do filme, bem trash, fala sobre alienígenas que vem ao planeta Terra em busca de carne humana para uma rede de fast-food intergalática.


Envolvido com nada mais nada menos que cinco produções, não é à toa que nada se ouviu de Jackson até recentemente, com a liberação do pôster e do primeiro trailer de um de seus filmes. A produção em questão é “Um Olhar do Paraíso” (The Lovely Bones, 2009), o primeiro do cineasta a chegar aos cinemas brasileiros, em 22 de Janeiro de 2010. O filme, escrito, dirigido e produzido por Jackson, narra a história da menina Susie Salmon (Saoirse Ronan, de “Desejo e Reparação” – 2007) que, após ser assassinada, olha por sua família e seu assassino do Paraíso. Seu desejo de vingança deverá ser equilibrado ao seu anseio pela superação de sua família.




Muito também se tem falado sobre a produção “The Adventures of Tintin : The Secret of the Unicorn” (2011), baseada na história em quadrinhos homônima de Hergé. O filme será filmado com a tecnologia de captura de movimento, mesma técnica de “Scanner Darkly” (2006) de Richard Linklater e “Beowulf” (2007) de Robert Zemeckis. No papel do jovem jornalista e investigador está Jamie Bell, ator inglês que também esteve em “Jumper” (2008) e mais conhecido por “Billy Elliot” (2000). Andy Serkis – o Gollum de “Senhor dos Anéis” - interpretará o Capitão Haddock.

Inicialmente, o filme terá duas continuações, ganhando o status de trilogia. Esta primeira aventura conta com a direção de Steven Spielberg e produção de Peter Jackson. No elenco ainda encontram-se Daniel Craig (“007 - Quantum of Solace”, 2008), Simon Pegg (“Todo mundo quase Morto”, 2004) e Mackenzie Crook (“Piratas do Caribe”, 2003/2006/2007).




Dentre os projetos que envolvem Jackson, talvez o mais comentado seja o anúncio da adaptação de “O Hobbit” (The Hobbit, 2011), aventura anterior aos acontecimentos da trilogia “Senhor dos Anéis”, na Terra Média de Tolkien. Até agora apenas três atores foram confirmados no elenco: Ian McKellen, Andy Serkis e Hugo Weaving, retornando seus devidos papéis na história, o mago Gandalf, a criatura Gollum e o elfo Elrond, respectivamente. Com direção de Guilherme del Toro, mesmo da franquia Hellboy, o filme deverá ser dividido em duas partes, uma prevista para o final de 2011 e a outra, para o de 2012. Dessa vez, a história acompanha a jornada do hobbit Bilbo Bolseiro, juntamente com um grupo de anões, em busca do tesouro da Montanha Solitária, que conta com a proteção de um dragão.


O filme, no qual Peter Jackson participa como produtor executivo e roteirista, ainda está em fase inicial de pré-produção - o próprio intérprete do papel principal (Bilbo Bolseiro) ainda está incerto. Três atores parecem estar sendo cotados por Del Toro para viver o hobbit nas telonas: Daniel Radcliffe (da série Harry Potter), James McAvoy (de “Desejo e Reparação”, 2007, e “O Procurado”, 2008) e David Tennant (da série de televisão americana “Dr. Who”); este último, segundo rumores, seria o preferido do diretor para o papel.


Com tantos projetos potencialmente grandiosos marcados com seu nome, nos resta esperar e conferir se tais filmes alcançarão o mesmo padrão bem-sucedido a que o público se acostumou a associar ao nome de Peter Jackson.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Cinéfilos na Bienal do Livro

Se para quem curte esportes um ano par significa Copa do Mundo ou Olimpíadas, o ano ímpar para o bom leitor do Rio de Janeiro significa a oportunidade de ir à Bienal do Livro ver alguns de seus escritores favoritos. Em sua 14ª edição, a Bienal do Livro Rio também atrairá os cinéfilos. O motivo tem nome e é Steven Jay Schneider autor do livro "1001 filmes para ver antes de morrer" (1001 Movies You Must See Before You Die, 2004) que se tornou praticamente a bíblia dos fanáticos pela 7ª arte.

A experiência de Schneider com o cinema é bastante acadêmica. Ele tem mestrado em Estudos de Cinema pela NYU (New York University) e em Filosofia por Harvard e busca um PhD em Estudos Cinematográficos também em NYU. Os resultados de seus estudos na área são mais de 10 livros tratando do cinema. Além de "1001 filmes" ele também publicou "Cine de Terror" (Horror Cinema, 2008) e outros como "501 Movie Stars" (2007), "501 Movie Directors" (2007) e "Traditions in World Cinema" (2006) que ainda não foram traduzidos para o português.

A Bienal do Livro começa no dia 10 de Setembro e termina no dia 20 do mesmo mês, no Rio Centro.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Don’t You Forget About Me


Ninguém entendeu melhor a angústia adolescente do que John Hughes. O diretor e roteirista, que morreu nesta quinta feira dia 6 aos 59 anos, arrebatou gerações com seus filmes nos anos 80, tidos como características daquele período. Clássicos jovem como “Curtindo a Vida Adoidado” (Ferris Bueller’s Day Off – 1986) hoje fazem parte da definição da cultura da época – o próprio estilo de vida do personagem Ferris Bueller chegou a ser reverenciado em diversos outros filmes e até na música (a banda americana Save Ferris é um exemplo).

Com uma filmografia que ainda inclui “Clube dos Cinco” (The Breakfast Club – 1985) e “Gatinhas e Gatões” (Sixteen Candles – 1984), o interessante de se notar no trabalho de Hughes é que ele consegue captar em suas obras não apenas o que é ser adolescente nos anos oitenta, mas a própria essência desta fase da vida de forma completamente atemporal. Dessa maneira, até hoje, seus filmes conseguem criar e manter uma forte ligação com seu público. Amor não correspondido, desejo de aproveitar a vida, matar aula fingindo-se estar doente, medo do futuro incerto, pressão dos pais, detenção – coisas que podem ser associadas a um adolescente de qualquer época.

O diretor, que marcou todos que já foram adolescentes e assistiram seus filmes, sofreu um ataque cardíaco em Nova Iorque enquanto dava uma corrida pela cidade. O ator Matthew Broderick, que deu vida à Ferris Bueller, e a atriz Molly Ringwald, grande protegida de John Hughes - tendo aparecido em muitos de seus filmes, incluindo “A Garota de Rosa Shocking” (Pretty in Pink – 1986) – mostraram-se ambos chocados com o acontecimento e demonstraram apoio a família do cineasta, que tinha dois filhos.

Uma das razões, talvez, de seu sucesso em capturar de forma completa a adolescência tenha sido a contribuição da trilha sonora. Em cada um de seus filmes, Hughes escolhia cautelosamente as músicas que representariam a história de cada obra. Assim, os melhores momentos de seu trabalho estão ligados a músicas que se relacionam tão bem com os filmes que, sem elas, eles não seriam os mesmos.

Dois ótimos exemplos são: a lendária seqüência em “Curtindo a Vida Adoidado”, na qual Ferris Bueller canta “Twist and Shout” dos Beatles no meio de uma parada na rua; e a seqüência em “Clube dos Cinco” na qual os personagens dançam ao som de “We Are Not Alone” de Karla DeVito na biblioteca do colégio.



O espírito adolescente perdeu seu maior representante e, por isso, o colegial nunca mais será o mesmo. Mas o legado de Hughes permanecerá conosco para sempre e, através dele, o real significado do que é ser jovem.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Adaptações

Com a chegada às salas brasileiras de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” (2009), tão esperado por seus fãs, a questão acerca das adaptações de obras literárias para as telonas volta à tona. Afinal, elas têm sido muito freqüentes e populares, mas será que as adaptações podem traduzir de maneira bem sucedida o universo das obras a que correspondem?

Para muitos, a magia que envolve um livro encontra-se na liberdade de se imaginar os cenários, personagens e situações da história conforme a preferência de cada leitor, desde que dentro dos traços delimitados pelo autor. A liberdade da imaginação seria responsável, então, pelo encantamento exercido sobre os leitores. É inegável, porém, que assistir a tais universos — antes apenas vivos na imaginação — nos cinemas, traz alguma satisfação, apesar das alegações de que as adaptações acabariam por restringir a imaginação dos leitores/espectadores quanto à história.

Dentre as 50 maiores bilheterias estadunidenses de todos os tempos, encontram-se doze adaptações, como “Senhor dos Anéis: Retorno do Rei (2003)” – com arrecadação de $377.019.252 -, “Parque dos Dinossauros (1993)” – com arrecadação de $356,784,000 -, “Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001)” – com arrecadação de $317,557,891 – e “Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (2005)” – com arrecadação de $291,709,845. Ou seja, cerca de um quarto dos cinqüenta filmes com maior arrecadação nas bilheterias do país foram baseados em livros.

Na lista das 50 maiores bilheterias de todos os tempos em todo mundo, a proporção aumenta. Além dos já citados acima, títulos como “O Código Da Vinci” (2006) e “Guerra dos Mundos”(2005) também integram a seleção, com arrecadações de $757,236,138 e $591,377,056, respectivamente.


Em termos qualitativos, as adaptações também marcam presença. Vale lembrar que “O Curioso Caso de Benjamin Button” (2008) — que, por acaso, também é a oitava maior bilheteria brasileira de 2009 até o fim de semana de 10-12 de Julho do corrente ano – concorreu à estatueta dourada mais cobiçada do cinema, o Oscar de Melhor Filme, cujo vencedor foi o então favorito “Quem Quer Ser um Milionário?” (2009), de Danny Boyle.

Ambos os filmes são baseados em obras literárias, sendo o primeiro no conto do grande escritor norte americano F. Scott Fitzgerald, mais conhecido por “O Grande Gatsby” – que aliás já teve duas adaptações feitas para o cinema. Já a saga de um jovem indiano que está prestes a se tornar bilionário teve como base o romance “Sua Resposta Vale um Bilhão”, de Vikas Swarup.



Participou ainda da premiação o belo “O Leitor” (2008), cuja história do relacionamento de um adolescente com uma mulher mais velha que depois revela ter se envolvido com o regime nazista, também integra o grupo das adaptações, tendo sido baseada no livro de Bernhard Schlink. Tendo em comum com os filmes citados logo acima indicações ao Oscar e o fato de ser uma adaptação cinematográfica de uma obra literária, encontra-se ainda “’Foi Apenas um Sonho” (2008) – o filme teve origem em uma obra de Richard Yates.


“O Poderoso Chefão” (1972), estrelado brilhantemente por Marlon Brando é um exemplo de adaptações bem sucedidas que foram muito aclamadas. Com uma arrecadação modesta, se comparada às citadas anteriormente, de 156,736,000 dólares, o filme é tido com um dos melhores de toda história. No site Internet Movie Database (IMDb), por exemplo, ele ocupa o segundo lugar da lista dos melhores de todos os tempos, com cerca de 358.720 votos. Talvez esse resultado não seja surpreendente, a obra original de Mario Puzo gozou de grande aclamação e o próprio autor se encarregou do screenplay, e o filme ainda contou com o grande Francis Ford Coppola na cadeira de direção.

No Brasil há, mais uma vez, espaço de sobra para o sucesso das adaptações. Tido no ano de 2008 como a maior bilheteria nacional, e figurando em nono entre as bilheterias nacionais e internacionais do referido ano, “Meu Nome Não É Johnny” (2008) foi um sucesso absoluto e... baseado na vida de João Guilherme Estrela segundo narrado no livro de Guilherme Fiúza. No mesmo ano, a lista das maiores bilheterias no solo brasileiro viu filmes como “Marley e Eu”, “007 - Quantum of Solace”, “Crepúsculo”, “Ensaio sobre a Cegueira”, “O Caçador de Pipas” e “Viagem ao Centro da Terra”, entre outros também baseados em livros.


Já 2009 presenciou as estréias e grandes arrecadações das adaptações “O Leitor”, “Anjos e Demônios”, “Ele Simplesmente Não Está a Fim de Você”, “O Curioso Caso de Benjamin Button” e “Divã”, este último que figura entre os marcos do sucesso do cinema nacional com seu surpreendente sucesso de bilheteria. E ainda podemos esperar as adaptações cinematográficas “Julie & Julia” (2009, livro de Julie Powell), “The Soloist” (2009, livro de Steve Lopez), “The Twilight Saga: New Moon” (2009, livro de Stephanie Meyer), “Sherlock Holmes” (2009, livro de Sir Arthur Conan Doyle), e muitos outros.




Dessa forma é impossível não perceber o fôlego com que filmes baseados em obras literárias atingem o mercado, cada vez em maior quantidade, qualidade e, puxando para si maiores lucros. É interessante observar que muitos destes filmes acabam tendo resultados tão arrebatadores nas bilheterias exatamente por já terem sido degustados através de seus respectivos livros. Afinal, a maioria deles só chega a ser adaptado se tiver apresentado bons resultados de venda nas livrarias, o que já acaba por formar hordas de fãs que esperam ansiosamente os cinemas pendurarem o pôster das adaptações de suas queridas histórias.

Mas assim como acontece na vida, existe o sucesso, da mesma forma em que existe o fracasso. Ao passo em que a trilogia “Senhor dos Anéis”, conduzida com maestria por Peter Jackson com base nos livros de J.R.R.Tolkien entre 2001 e 2003 foi eleita a melhor adaptação de todos os tempos, a adaptação “A Bússola de Ouro” (2007) da trilogia Fronteiras do Universo de Phillip Pullman, é informalmente atacada repetidas vezes em fóruns de discussão na internet como uma das piores adaptações da história cinematográfica.

Sendo um filme pior ou melhor do que seu livro correspondente, o melhor é checar os dois e assim compará-los, sem nunca esquecer que cada suporte tem uma linguagem própria, de forma que apresenta benefícios e malefícios a acrescentar ao enredo e até mesmo à narrativa de cada livro.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Os premiados do Anima Mundi no Rio de Janeiro


O AnimaMundi é um festival de cinema que sempre trás muitas novidades e diversão para o público carioca. Nesse ano, mais uma vez lotou as salas de cinema, mesmo em horários no meio da tarde de dias da semana. A premiação ocorreu na Praça Animada na noite de Domingo (19/07) e foi um tanto quanto surpreendente.

O Júri Popular elegeu como o melhor curta o filme francês “Mon Chinois” que encanta pela simplicidade, mas justamente por essa característica surpreende. O curta é trata das características dos chineses e certamente é passível de censura por lá pelo seu teor elegantemente crítico. Abaixo você pode assistí-lo, já que mesmo sem saber francês é possível captar a maioria das ideias.


Outro curta do mesmo autor, Cédric Villain, e que concorreu nessa categoria deixa claro sua característica única de fazer esse tipo de filmes, com uma narrativa de fundo, fazendo uso de mapas e imagens diversas para comunicar sua mensagem, além de desenhos do mesmo tipo e finais inconclusivos. Estou falando de “Portrais Ratés à Sainte Hélène” sobre Napoleão Bonaparte. Esse, no entanto, não foi premiado.

No Júri Popular de Curtas, o segundo lugar ficou com Smith & Foulkes, responsáveis pelo hilário “This Way Up”, da BBC Films. O curta, que é de altíssima qualidade gráfica, mostra o calvário de dois agentes funerários para conseguir enterrar uma cliente. Assista-o logo abaixo.


Em terceiro nessa categoria estão os personagens Wallace e Gromit, dos mesmos produtores do enorme sucesso “A Fuga das Galinhas” que está na seleta lista de filmes que a Globo repete quase que mensalmente na Sessão da Tarde. Wallace & Gromit foram criados na década de 1980 e estrelaram um longa-metragem depois de muitos curta-metragens como a que os deu o terceiro lugar no Júri Popular do festival.


O prêmio de 10 mil reais prometido pela TV Brasil para o curta eleito pelo público como o melhor brasileiro ficou com Diogo Viegas que exibiu “Josué e o Pé de Macaxeira” (foto), um “João e o Pé de Feijão” com uma faceta mais brasileira. O segundo colocado foi “O Divino, de repente”, do ano de 2003, que trata de levar às telas a arte nordestina do repente. No terceiro lugar ficou o vídeo de Marão, que tem uma narração muito bem humorada no fundo, mas ao contrário dos anteriores, não se relaciona com a cultura tradicional do nosso país. Chama-se “O Anão que Virou Gigante”, que aborda as desvantagens de ambas condições de tamanho.


Um outro destaque, que foi premiado como melhor animação pelo júri profissional, é Muto. Um filme feito a partir de pinturas nas paredes de Buenos Aires. Uma animação diferente, criativa e cheia de sutilezas que prometem encantar o espectador. Essa obra-prima também pode ser assistida abaixo.



Presto, da Pixar, também era muito aguardado, mas saiu sem prêmios. É um curta sobre a relação à “Tom e Jerry” de um mágico e seu coelho faminto. Vale muito a pena conferir abaixo, afinal, a Pixar sempre tem algo bom a mostrar.


A lista completa de filmes premiados está no blog do festival:

http://www.animamundifestival.blogspot.com/

Para quem não curtiu o Anima Mundi 2009, então, resta esperar pelo ano que vem ou partir para São Paulo. Para quem curtiu, fica a nostalgia e a saudade da animação boa e plural que o festival nos proporciona.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A proposta: não confiar demais nas críticas

Clichê. Essa palavra está, direta ou indiretamente, em 10 entre 10 críticas do filme “A proposta”, última empreitada de Sandra Bullock e da diretora Anne Fletcher, cuja essência artística é a dança, tendo participado de coreografias de filmes como “Hairspray” e “Mulher Gato” e dirigido apenas 3 filmes em sua carreira, dentre eles “Se ela dança, eu danço” ou, originalmente, “Step Up”. O fato de não inovar não torna o filme um desastre, muito pelo contrário, o clichê, se bem dosado, faz sucesso. Nos Estados Unidos, no fim de semana de estreia, a comédia romântica liderou a bilheteria e mesmo hoje, quase um mês após a sua estreia, continua entre os cinco mais vistos.

O filme trata de uma editora durona e bem-sucedida que se vê prestes a ser deportada para seu país de origem, o Canadá, mas decide casar-se com seu assistente, que é Ryan Reynolds, para permanecer na terra do tio Sam. Andrew Paxton é o nome do assistente que surpreende Margaret Tate, que é Sandra Bullock, com sua rica e adorável família de uma pequena cidade no Alasca. Lá, Andrew começa a deixar de odiar Margaret que, por sua vez, começa a sentir-se cada vez mais a vontade no habitat do rapaz. Em suma, “A proposta” prova que saber o final do filme de antemão não faz o espectador deixar de vê-lo, pois se fizesse, o filme, distribuído pela Disney e produzido pela Touchstone, não seria assistido por ninguém.



As críticas do filme, em geral, são semelhantes na análise: é um comercial cheio de clichês que cumpre seu papel de entreter. No entanto, nota-se que em alguns há um tom de otimismo, enquanto em outros há um tom excessivamente agressivo. A Folha de São Paulo, por exemplo, diz que o personagem de Reynolds inicialmente tem cara de bobo e que sua mãe na história possui uma “doçura nauseante” e completa criticando a direção de Anne Fletcher, que na realidade não foi nada mais do que clichê, nos ângulos de filmagem, nas reviravoltas de finais de comédias românticas, na exposição do desenvolvimento do amor entre os protagonistas, etc. Inácio Araújo, da Folha, completa dizendo que “Isso (as deficiências na direção de Anne Fletcher) não impede "A Proposta" de ser um filme a ver sem se aborrecer, embora também não haja muita razão para fazer fila por ele”. Puro desdém. Mas, se a Folha assumiu esse rumo mais durão, o New York Times vai mais longe e lista o que é clichê no filme, menciona o que é copiado de outros filmes (ainda que isso seja, de certo modo, uma definição de clichê) e liga a metraladora contra Sandra Bullock, Ryan Reynolds e até Betty White, que faz a vovó Annie, que é considerada sem graça pelo Times, mas ganhou um artigo só para si no fabuloso site de cinema do portal UOL por se destacar no filme. Os ácidos adjetivos do Times não falam pela maior parte dos veículos norte-americanos como nota-se nas análises simpáticas do Variety, do Entertainment Weekly e do Los Angeles Times.


É recorrente a menção positiva, em geral, da cena em que Bullock pede seu subordinado em casamento de joelhos, além da evidente química entre os dois atores, ainda que por vezes Sandra Bullock tenha sido considerada insossa, mero engano de quem não entende que Bullock não é uma comediante, mas uma atriz que participa de filmes de comédia. Pouco mencionado pela crítica, mas com participações com humor à Borat, vem o personagem Ramone, um faz-tudo da pequena cidade do Alaska que ajuda a dar liga ao filme.

“A proposta” surge como prova de que não se deve deixar de ver um filme por conta de uma crítica negativa, afinal, o objetivo de ir ao cinema casualmente é adquirir o almejado entretenimento.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Inimigos Públicos de Nacionalidades Diferentes


Chegando aos cinemas com cerca de apenas duas semanas de diferença, estão dois filmes que possuem muito em comum. Sendo um de produção francesa e o outro, estadunidense, ambos têm seu enredo centrado na vida de notórios bandidos, que conquistaram o título de “inimigo público n°1” em seus respectivos países.

Tanto um quanto o outro conquistou o público e a crítica de seus países, firmando-se como thrillers de tirar o fôlego bem sucedidos. Nos dois filmes, que podem ser classificados como biográficos, há a presença de atores marcantes considerados um dos melhores dentre os de suas nacionalidades.

Em “Inimigos Públicos” (Public Enemies, 2009), a história gira em torno da quadrilha gângster de John Dillinger, que arrombava bancos em plena Grande Depressão, ganhando até mesmo simpatia do povo americano, na época insatisfeito com o papel dos bancos no país. A quadrilha é caçada pelos agentes federais do recém-formado FBI de J.Edgar Hoover, o então presidente, mas nenhuma cela parece ser capaz de segurar Dillinger.

Na pele do carismático gângster está Johnny Depp. Mais conhecido pelo papel de Jack Sparrow na série “Piratas do Caribe”, o americano é considerado um dos atores mais versáteis da atualidade, com títulos que vão de “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (1999) a “Em Busca da Terra do Nunca” (2004) no currículo. Seu reconhecido talento já o rendeu inúmeras indicações e prêmios ao longo dos anos.

O filme, dirigido por Michael Mann — de thrillers como “Colateral” (2004) e “Miami Vice” (2006) — também inclui a presença de Christian Bale, no papel de Melvin Pervis, agente do FBI encarregado de investigar Dillinger. O britânico, que começou sua carreira ainda criança, emprestando a voz a Thomas no clássico da Disney “Pocahontas” (1995), é mais conhecido por sua interpretação de Batman na nova versão cinematográfica do Cavaleiro das Trevas, comandada por Christopher Nolan.

Tendo estreado nos EUA no último final de semana já ocupando a terceira posição do ranking dos filmes mais vistos, o filme, cuja estréia brasileira está prevista para o dia 24 de Julho, já é muito aguardado, especialmente pelos fãs de Johnny Depp.


Do outro lado está “Inimigo Público Número 1 - Instinto de Morte” (L’instinct de mort, 2008), do francês Jean-François Richet, mesmo diretor da refilmagem de “Assalto à 13ª DP” (2005). Esse teve sua estréia nacional no último fim de semana, dia 3. Dessa vez, a história contada é a de Jacques Mesrine, um dos mais violentos e procurados criminosos franceses. O super-gângster é conhecido por inúmeros assaltos a bancos e fugas milagrosas, o que lembra muito os feitos de John Dillinger.

Este filme, a primeira parte de uma série dividida em dois, — a segunda parte deve estrear até o final do ano — foca nos anos anteriores à conquista do título de Procurado N°1 por Mesrine, com a sua participação na Guerra da Argélia, em 1959. Quem encara o papel é Vincent Cassel, parisiense de 42 anos e queridinho do César Awards, o Oscar francês.


Entretanto, mesmo com todas as semelhanças, o filme francês parece não chamar atenção nas salas brasileiras, com estréia pouco divulgada e feita apenar em cinemas considerados alternativos. Isso certamente não caracteriza rejeição ao filme, especificamente, até porque ele foi aclamado não só pela crítica francesa, como pela internacional como um todo. “Inimigo Público Número 1” é, sim, mais uma vítima de certo preconceito a filmes europeus nas salas populares de empresas como o Kinoplex e o Cinemark, no caso do Rio de Janeiro.

Vale lembrar que Vincent Cassel já se autodenominou ator franco-brasileiro após sua participação em “À Deriva” de Heitor Dhália, que esteve em Cannes disputando em uma categoria paralela à principal. O ator, que também conta com filmes Hollywoodianos no currículo, como “Doze Homens e Outro Segredo” (2004), mostra-se, portanto, bastante variado, além de ser reconhecidamente talentoso.
O filme francês está em cartaz no Estação Barra Point, no Estação Vivo Gávea e no Espaço de Cinema em Botafogo. A dica é conferir ambos os filmes para melhor compará-los.

domingo, 7 de junho de 2009

Os Motores do Cinema Brasileiro

Nessa sexta-feira, dia 05 de Junho de 2009, estreiou em todo o Brasil “A Mulher Invisível”, o novo filme de Selton Mello, dirigido por Cláudio Torres de “O Redentor”. O filme trata do amor entre Pedro (Selton Mello), recém abandonado pela esposa, e uma mulher deslumbrante (vivida por Luana Piovani), mas que só ele consegue ver. O elenco ainda conta com Vladimir Brichta que é um amigo de Pedro e Maria Manoella que é apaixonada pelo personagem principal e existe. O humor à “Os Normais” de Fernanda Torres também está no filme.


O que se espera é que “A Mulher Invisível” seja o terceiro filme brasileiro no ano a bater a marca de 1 milhão de bilhetes vendidos. Nesse ano, “Divã” e “Se Eu Fosse Você 2” levaram o cinema brasileiro, já no final de Maio, a bater a bilheteria dos filmes brasileiros de todo o ano de 2008. Os dois filmes foram responsáveis por 88% dessa bilheteria. “Se Eu Fosse Você 2”, com 6 milhões de ingressos vendidos, é a maior bilheteria do ano nos cinemas brasileiros, deixando para trás sucessos como “X-Men Origens – Wolverine” e “Anjos e Demônios” e a sexta maior bilheteria de filmes brasileiros de todos os tempos. “Divã” também surpreendeu levando aos cinemas 1,7 milhões de pessoas.


A fórmula do sucesso tem sido, aparentemente, boas doses de comédia, atores da Rede Globo e co-produtoras estrangeiras (no caso de “A Mulher Invisível” é a Warner). A sequência de lançamentos desses filmes comerciais brasileiros também tem seguido um certo distanciamento temporal que otimiza os lucros. A lógica é: quando um filme brasileiro desse gênero está saindo das salas, chegando ao limite de bilheteria que poderia alcançar como mostra a forte queda nos rankings semanais, o outro filme é lançado. Foi assim com “Divã” depois de “Se Eu Fosse Você 2”, com “A Mulher Invisível” depois de “Divã” e parece que será assim com “Jean Charles” depois de “A Mulher Invisível”. “Jean Charles” não é um filme de comédia, mas nem por isso deixa de ser um filme aparentemente comercial e que terá grande apelo popular, seja pela participação de Selton Mello (ele atrai sucesso), seja pela repercussão que teve a história real na qual o filme se baseia. O filme (trailer abaixo) estreia nos cinemas de todo o Brasil no dia 26 de Junho.


A produção de bons filmes nacionais, evidentemente, não se limita a esse circuito comercial. Nesse ano houve um enorme número de documentários brasileiros sendo lançados – no Rio, dos 8 filmes brasileiros em cartaz, 6 são documentários – e muitos deles foram muito bem aceitos pela crítica de cinema de jornais importantes como A Folha de São Paulo e O Globo. “Garapa” de José Padilha (diretor de “Tropa de Elite”), “Paulo Gracindo – O Bem Amado” de Grancindo Júnior, “Palavra (En)Cantada” de Helena Solberg e “Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei” de Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal são bons exemplos. Esse último conseguiu magistralmente trazer o cantor esquecido Wilson Simonal às rodas de conversa, seja dos mais antigos, que vivenciaram o período em que o cantor foi acusado de estar com a ditadura, seja dos mais novos, que se impressionaram com a força de suas performances musicais.

E o cinema ainda tem muito que render nesse ano: “Os Normais 2” de José Alvarenga chega nos cinemas brasileiros em Agosto e em Dezembro estreia o polêmico “Do Começo ao Fim” de Aluízio Abranches que trata do amor homossexual entre dois irmãos (trailer abaixo). Seja qual for a escolha, o importante mesmo é prestigiar a produção cinematográfica nacional.